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Alguém deveria conduzir um estudo científico a respeito de como o Alice In Chains é fisicamente incapaz de produzir um álbum que não seja de altíssima qualidade. Os gigantes do grunge noventista retornam com Rainier Fog, o terceiro álbum da fase William DuVall.

Lançado em 2013, The Devil Put Dinosaurs Here, embora sendo um tremendo álbum por direito próprio, um poderia ser perdoado por opinar que em determinados momentos ele soa como o sucessor de Black Gives Way To Blue de 2009. Já Rainier Fog é seu próprio projeto de começo a fim. Talvez com a exceção de The One You Know, não há uma canção que se destacaría como um single de peso no mesmo nível de Check My Brain e Hollow, respetivamente, o que Rainier Fog tem a seu favor é que flui como água com cada faixa complementando a que a procedeu. A produção não deixa nada a desejar e as performances individuais dos membros está tão firme como sempre.

Um par de críticos ao longo da semana escreveram que Rainier Fog soa previsível. Bem, se eles se referiam a isso no sentido de que receberíamos aquilo que sempre é esperado do Alice In Chains – um álbum meticulosamente trabalhado e produzido repleto daquele som sombrio y harmonias vocais imbatíveis – então eles estavam certíssimos. Porém, se isso foi pretendido como uma crítica às composições soando estereotipado, eles não poderiam ter se equivocado mais. Rainier Fog conta com algumas das melodias mais originais que a banda já deixou registrado, e o ouvinte se vê a cada verso tentando adivinhar o que segue, sem chance de prever o que lhe espera.

The One You Know’ ergue a cortina com cortes sinistros de pura dissonância que seguem acompanhadas de tambores trovejantes que trazem os procedimentos a um começo. O primeiro single a ser lançado em Maio deste ano, acompanhado de um belíssimo vídeo, ‘The One You Know’ configurou o tom do novo trabalho do Alice In Chains em estilo. Letras assombradas e um clássico solo de guitarra repleto de “wah” por parte de Jerry Cantrell fez desta um favorito instantâneo aos fãs que serviu para os saciar até o lançamento do álbum completo.

A faixa título segue com DuVall assumindo a liderança nos vocais. Tratando do tema da cena musical de Seattle que deu origem ao grunge dos anos ‘90, a faixa vê a banda mais acelerada e conta com algumas das melhores melodias já compostas pelo Alice In Chains. Ameaçador e perturbador, ‘Red Giant’ segue com um ar pesado ao melhor estilo doom. As harmonias vocais junto com as frases lentas de guitarra estão garantidas a deixar os ouvintes em transe. Com certeza um dos pontos altos do álbum. Sem dúvida as melhores três faixas a abrir um álbum do Alice In Chains desde Dirt.

Fly’ e ‘Maybe’ servem como lembretes de que o Alice In Chains também sabe brilhar quando decide tomar uma direção mais suave. Talvez o único aspecto de Rainer Fog que pode ser diretamente comparado aos álbuns que o antecederam – os três álbuns contam com 2 faixas acústicas que poderiam ser consideradas as “baladas” de seus respetivos álbuns – elas ainda conseguem oferecer elementos viçosos. Servem para comprovar que, mesmo com aquele som inegável e instantaneamente reconhecível, o Alice In Chains nunca se repete.

Drone’ reduz a velocidade ao de um ritmo de marcha em o terreno entrincheirado com lodo. Mesmo flertando com esse estilo antes – ‘Acid Bubble’ vem à mente – é a primeira vez que o Alice In Chains realmente entra no território do sludge metal. ‘Deaf Ears Blind Eyes’ é talvez a maior surpresa do álbum. Uma fusão de melodias árabes e possivelmente a melhor parceria entre Cantrell e DuVall, tanto nas guitarras quanto nos vocais, transmitem vibrações incandescentes e hipnotizantes. Aterrorizante e cativante, é mais um dos ápices do disco.

Chegando ao fim, as contribuições de DuVall, ‘So Far Under’ e ‘Never Fade’ demonstram que o vocalista é muito mais do que um substituto do Layne Stayley, que serviu de inspiração para a letra desta última. Trazem uma compleição moderna ao álbum que se misturam perfeitamente com a essência que projeta o Alice In Chains, especialmente com a abundância de bends de guitarra que sempre foram excepcionalmente empregados pela banda ao longo dos anos. ‘All I Am’ é o final devidamente apropriado para Rainier Fog que traz com ela um pouco de tudo que é demonstrado ao longo do álbum, tanto musicalmente quanto em sua poesia. Com seus 7:15 de duração, não seria uma exageração o chamar de um mini-épico para o grupo de Seattle.

Consistência é o nome de jogo para o Alice In Chains e Rainier Fog deixa seu marco na infalível discografia do grupo. Os fãs com certeza irão saciar de cada momento que passam escutando a mais recente adição ao incrível legado desta banda. E para fechar o ano com chave de ouro, o Alice In Chains estará no Brasil em Novembro, passando por Curitiba (08/11), São Paulo (10/11) e Rio de Janeiro (11/11). Como de costume, não se pode esperar nada menos do que o melhor do Alice In Chains. Estes shows prometem.

Formação
Jerry Cantrell – Vocal e Guitarra
William DuVall – Vocal e Guitarra
Mike Inez – Baixo
Sean Kinney – Bateria

Track List
1 – The One You Know
2 – Rainier Fog
3 – Red Giant
4 – Fly
5 – Drone
6 – Deaf Ears Blind Eyes
7 – Maybe
8 – So Far Under
9 – Never Fade
10 – All I Am

NOTA – cervcervcervcervcervm  9/10

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