E o nosso décimo segundo “RockBreja + Prosa” vem brutal!!!
A conversa vem do mundo thrash metal com o Diego Neves, baixista da banda Vingador. Em um conversa bem descontraída, passamos desde a fase antiga da banda, como o mundo underground dos anos 2000, o mais recente trabalho, “Dark Side” e claro, não pode faltar aquelas perguntas famosas em nossa entrevista, CERVEJA!!!
A banda Vingador surgiu em 1999 ainda com o nome de Dark Side, e com grande influência de Metallica com Cliff Burton, Iron Maiden e, é claro, pelo Slayer. Apenas uma década depois, que resolveram mudar o nome da banda e chamar de Vingador, claro que isso ajudou e muito a mudança, principalmente na formação atual. Seu trabalho atual intitulado coincidentemente de “Dark Side” vem recebendo ótimas criticas pela mídia underground e mainstream e levando o thrash metal para o mundo tomado pelo “sons populares e chicletes”!
Que tal pegar sua IPA e ler a entrevista?
ROCKBREJA: Vingador antes se chamava Dark Side, nestas mudanças teve muitas idas e vindas de integrantes, e com isso depois de 14 anos de atividades, o primeiro álbum. Como foi esta fase de transição da banda?
Diego: Sim, na verdade esse foi o nome da banda até o final do ano de 2011, quando no final de um ensaio, decidimos – mais uma vez – que iríamos finalmente gravar o nosso debut. Foi quando eu falei que seria mandatário que tivéssemos um nome original, que fosse só nosso, para evitar contratempos com a justiça e também intriga com outras bandas, já que passaríamos a ter um registro de material próprio. Ocorria na época, e imagino que até hoje ainda há muitas bandas que se chamam ‘Dark Side’, em especial as que fazem cover de Pink Floyd, mas não só, pois em nossas pesquisas víamos que existiam várias bandas em muitos estilos dentro do Rock n’ Roll. Me lembro que sugeri esse nome no meio num brainstorm e, quase todos na banda gostaram, pois seria um nome forte, em português e correlato com o som que praticamos e a nossa atitude. Mas a própria mudança de nome contribuiu para uma grande perda da banda que foi a saída do Bruno Oliveira. Essa não foi a primeira e nem a última saída de integrante que tivemos, antes dele e depois também ocorreram mudanças que são sempre traumáticas para a atividade da banda, pois acarreta em descontinuidade, mas entendemos perfeitamente as necessidades e aspirações de cada um. Sabemos que uma banda é uma relação de amizade entre pessoas que possuem uma energia em comum e que a sintonia precisa ser fina nesse sentido, todos os que saíram tiveram suas razões e cada um deixou o seu legado, todos foram importantes para a banda e vira e mexe estamos reunidos ao redor de uma mesa de bar lembrando os acontecimentos e recontando nossas histórias enquanto bebemos algumas cervejas. Bom demais!
ROCKBREJA: O nome do álbum “Dark Side” se refere diretamente à antiga fase da banda?
Diego: Sem dúvida! Quando decidimos gravar o álbum ele teria outro nome, certamente e mesmo a tracklist seria um pouco diferente, algumas das músicas que entraram não entrariam. O que aconteceu foi que o Bruno decidiu sair naquela ocasião e absorvemos esse golpe concentrando toda nossa energia e recursos nessa gravação. Pedimos ao Bruno para continuar na banda até a conclusão das gravações, pois ele esteve conosco durante todos aqueles anos. Ao mesmo tempo, entendíamos que aquele poderia ser o fim, pois não se encontram bateristas que curtam o som e tenham disponibilidade e condições de remar junto com a gente contra a correnteza no Underground em qualquer esquina aqui na região. Então, concluímos que o projeto do álbum deveria mudar, deveria conter tudo o que tivéssemos de mais representativo da nossa história de mais de uma década e para tal, nada melhor do que nomear o álbum com o nome que carregamos na maior parte da nossa história.
ROCKBREJA: O videoclipe “Morrendo de Paz” se refere aos protestos que teve sobre os altos custos gastos na Copa no Brasil, como é sua visão sobre esta nova onda de protestos que não se via há anos?
Diego: Na verdade essa música é bem antiga. Ela foi composta em 2004, e busca uma reflexão a respeito das condições de vida do povo pobre, que sempre teve direitos cerceados ao longo da história do Brasil, e isso é semelhante em qualquer parte do mundo, para que da exploração do seu trabalho se viabilize a manutenção do status quo e se sustente a pirâmide social que esmaga aqueles que realmente produzem para benefício de poucos. É aquela história do 99% x 1%. Somos todos parte do 99% e devemos reconhecer quem está do outro lado. Criticamos o pacifismo burguês e as ONGs com pregações vazias que nada mais fazem do que desviar o foco da verdadeira luta dos trabalhadores enquanto o terrorismo do Estado atua livremente nas favelas, gerando números que não são contados. O Amarildo, o DG e a Cláudia são a ponta do iceberg. Na ocasião dos protestos ficou marcante o tratamento dos governos das três esferas contra os manifestantes que queriam exercer o direito democrático de protestar e foram tratados com borracha, bombas e munições letais. Muitos morreram nas manifestações, mas somente o Santiago emergiu na mídia, que a todo momento se propôs a criminalizar o movimento. A verdade é que a revolução não vai passar na TV. Mesmo a música sendo mais antiga, entendemos que naquele momento ela estava mais viva e atual do que nunca.
ROCKBREJA: Como você vê esta nova “Leva” de bandas thrash vindo aos anos 00’s?
Diego: Realmente vivemos uma década muito frutífera musicalmente dentro do Thrash Metal, principalmente no Underground. Em todas as cenas vemos grandes valores.
ROCKBREJA: Voltando ao álbum “Dark Side”, senti uma forte influência de Slayer nos riffs, estou certo ou tem mais bandas que foram inspiração neste disco?
Diego: Com certeza Slayer foi uma forte influencia na composição das musicas. A banda é a maior e melhor banda de thrash metal de todos os tempos, em nossa opinião. Mas durante a composição do “Dark Side”, também tivemos grande influencia de nomes como Metallica e mesmo a banda Death. Eram nossas maiores influencias naquele momento.
ROCKBREJA: No mundo cervejeiro, quais os tipos de brejas que você gosta de tomar (Estilo)?
Diego: Cara, pergunta difícil, cerveja é como musica, cada uma tem um momento e em cada época você ouve mais um estilo ou uma banda, sem que isso signifique desgostar das outras. Tem também o aspecto da harmonização, qual o alimento que acompanha, etc. De qualquer formar, para não me esquivar da pergunta, vou citar dois dos meus estilos prediletos: a Irish Dry Stout, pois foi numa viagem minha à Irlanda que me apaixonei pela Guinness e comecei a me interessar por cervejas, e as IPAs, que são também um estilo que sempre busco experimentar.
ROCKBREJA: Uma cerveja Rock que você tomou e gostou.
Diego: Das bandas internacionais, curti a do AC/DC, das nacionais, a Helles dos Raimundos.
ROCKBREJA: Uma cerveja que você recomenda ao RockBreja.
Diego: Vou recomendar aos amigos do RockBreja a Rhuller, que é uma cervejaria artesanal da nossa cidade, que vem sempre com uma receita nova e saborosa. Vale a pena conferir!
ROCKBREJA: Nacional ou Importada? Quais suas preferências?
Diego: Gosto na verdade de experimentar os mais variados tipos de cerveja que eu puder, proveniente de qualquer lugar no Brasil ou no mundo, para sair do senso comum que nos forçam tragar goela abaixo, Skol & cia. Mas mesmo essas tem o seu valor social e vão muito bem para um churrasco ou qualquer outra sorte de reunião entre amigos, num botequim com copo americano, na verdade esse é o verdadeiro valor da bebida, seu papel social, mas em se tratando de qualidade, escolho qualquer uma, de preferência artesanal.
ROCKBREJA: Rock + Breja, o que passa em sua cabeça esta combinação?
Diego: Perfeita pra mim como goiabada e queijo para um mineiro. Não tem rock sem cerveja, não tem cerveja sem amigos, e os amigos estão na cena Underground do Rock, do Hard Core e do Metal.
ROCKBREJA: Uma mensagem final aos fãs da banda no RockBreja.
Diego: Galera, vamos apoiar e fortalecer a cena sem divisionismos entre bandas, entre metal e hardcore, etc. Se rolar algum evento, compareça, se puder comprar os produtos e CDs das bandas autorais, compre, se estiver ao seu alcance organizar um show e chamar bandas para tocar, faça. Mas se não puder na disso, compartilhe as musicas e os links das páginas das bandas Underground dos zines que você leu e curtiu, etc. com seus amigos, esse é o espírito. A cena é feita da soma dos esforços de todos, público e banda. Do mais, pão e cerveja, sexo e Rock n’ Roll a todos! Tripas de Metal!
Links:
http://vingador.net/
http://www.facebook.com/vingadormetal
http://www.youtube.com/vingadormetal
Agradecimentos: Rômel Santos (Island Press)
Foto: The Stalker (Flickr)