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A edição cinquentona do RockBreja + Prosa é com o cervejeiro da Lohn Bier, Richard Westphal Brighenti.

O ‘CARA’ além de ser um bom cervejeiro é um bom músico e conversou conosco sobre os 5 anos da cervejaria, sua banda em homenagem aos Ramones e futuro.

Conhecemos a Lohn Bier na falecida ‘Degusta Beer & Food’ em São Paulo e nos apaixonamos pela Carvoeira, já imaginávamos que ela teria um futuro grande.

Aliás, ela foi a segunda cerveja mais votada em nosso listão de 2018 das 50 Cervejas do ano.

Bora conferir a entrevista?

Conte um pouco sobre a história da criação da Lohn Bier:

Richard: Em 2009 comecei a fazer cervejas. Em 2013 a família da minha esposa vendeu uma antiga empresa, e nós ainda bastante jovens fizemos alguns planos de negócios. Lógico que cervejaria seria uma possibilidade, mas não era a primeira opção. Tentamos investir na ideia escolhida como mais interessante, mas pela dificuldade em conseguir iniciar nos mostrou o mercado de cerveja, revisitamos o plano de negócios e escolhemos fazer uma cervejaria pequena. Nasceu a grande Lohn. Essa é apenas algumas linhas da nossa história. Um livro será lançado ainda em 2019 contando muitas outras histórias como esta sobre os 15 meses pré-operacionais e os primeiros 5 anos da Cervejaria Lohn. O título será FAZEMOS CERVEJAS, OS PRIMEIROS ANOS DE UMA MICROCERVEJARIA.

A Carvoeira é um sucesso real, tem uma história por trás desta criação?

Richard: A Lohn tinha uma receita de uma dry-stout pronta, inclusive com o rótulo impresso na gráfica. Eu esbarrei em dois cervejeiros artesanais com uma receita de uma Imperial Stout com Funghi e Cumaru. Trouxemos os cervejeiros caseiros para a fábrica, diminuímos a receita para 9,5% ABV e batizamos de Carvoeira para homenagear Lauro Muller, berço do Carvão Mineral no Brasil.

Como você vê a Lohn Bier AC (antes da Carvoeira) e a Lohn Bier DC (depois da Carvoeira)?

Richard: Já éramos reconhecidos pela inventividade. Cerveja com Butiá, Caldo de Cana-de-Açúcar já faziam parte do portfólio, que aliás já mostrava a pegada de criatividade e desapego da Escola Alemã, que talvez pensássemos ter.

Consagradas Carvoeira

A identidade visual foi algo que pegou todo o público de surpresa, como foi a ideia de mudar toda a identidade da cervejaria?

Richard: A inventividade. Nosso logotipo era tipicamente Alemão, silhueta da família, spikes no nome, letras quadradas, denominação geográfica com a serra no topo. Éramos mais desapegados. Foi um ano estudando o re-branding, e assim muito difícil de assumir uma nova identidade. Mas conseguimos. Adoramos o primeiro logotipo e os primeiros rótulos, mas o movimento moderno com a nova identidade visual mostra quem somos, ou quem nos tornamos. Somos ágeis, descolados e divertidos. Inventividade, nenhuma outra palavra resume tão bem o que somos.

Tem alguma cervejaria daqui do país que você fica bastante encantado?

Richard: Temos apenas cinco anos, somados outros 15 meses pré-operacionais. Trabalhamos muito nesse período e que faz parecer até que temos décadas. Eu particularmente sempre admirei muito as cervejarias mais antigas. Estaria cometendo uma grande injustiça se citasse apenas algumas aqui no texto. Eu admiro demais o mercado brasileiro antes da Lohn, onde era mais fácil reconhecer boas marcas e boas cervejas. Respeito, respeitamos melhor dizendo, todas as marcas que surgiram antes da gente. Eles tiveram um cenário econômico e de consumidores diferentes de agora, nem mais fácil nem mais difícil, simplesmente diferente. Tem vezes que eu penso até que teríamos ainda mais reputação se tivéssemos surgido antes, atualmente é ainda muito mais difícil se sobressair diante da confusão de nomes e marcas. Em um podcast na internet, quinze pessoas citaram cada um três cervejas, eu conhecia menos de cinco cervejas citadas.

Qual cervejaria que você ainda sonha em fazer uma colaborativa?

Richard: Nós fizemos muitas colaborativas, dentro e fora do país. Também fizemos muitas brassagens coletivas com cervejeiros artesanais em nossa fábrica. Somos muito procurados para fazer cervejas colaborativas, nunca perderemos uma oportunidade, mas atualmente recebemos mais sondagens do que conseguiríamos executar. Faremos muitas ainda. Não medimos o tamanho da cervejaria, importante é criar uma boa cerveja e trocar experiências, é para isto que vale a colaborativa.

Como surgiu a sua paixão pelo Rock?

Richard: Quando adolescente ganhei três fitas cassetes: Raul Seixas, Engenheiros do Havai e Guns and Roses. Era muito difícil conseguir um álbum, namorava um disco e deixava acumular a mesada para alcançar o valor de um álbum ou esperar uma banda lançar um novo disco. Éramos felizes com pouco. Assistir a MTV ajudava nas escolhas.

Foto: Arq. Pessoal

Você também tem uma banda, a Ratones, como surgiu o grupo?

Richard: Em 11 de novembro de 1994 os Ramones vieram tocar em Balneário Camboriú. Apenas com 16 anos, meus pais me deixaram ir ao show acompanhado de alguns amigos mais velhos. Eu já tocava em outra banda e decidi com outros amigos fazer uma banda tributo aos Ramones. A banda ainda existe nos dias atuais, ensaiamos 4 vezes ao ano e hoje mais bebemos e contamos mentiras do que efetivamente tocamos. Temos um set-list sempre pronto. Em 2013 esbarrei no Mark Ramone no aeroporto de Congonhas, ele ia fazer um show no Rio de Janeiro, estávamos justamente montando os equipamentos da Lohn e a viagem era para isto. Em 2016 as negociações com Mitchel Lee Hyman (Mickey Leigh) que é irmão de Joey Ramone estavam bastante adiantadas para fazer uma cerveja para ele, no entanto a loja no Rio de Janeiro chamada Joey Ramone Place Rio acabou encerrando as atividades no meio das negociações. O rótulo da cerveja é o mais lindo que fizemos até hoje, uma pena não ter dado certo. Em 2018 tomei uma Hop Lager com CJ Ramone em Florianópolis e ele seguiu viagem com algumas caixas da Lohn na Van. Como caseiro a minha primeira IPA foi batizada de Linda IPA, em homenagem a Linda Ramone, que deixou Joey para ficar com Jonny. Em 2009, meses antes de começar a fazer cerveja na panela, fui para a Argentina buscar minha guitarra Mosrite, hoje autografada por CJ Ramone e Jiro, endorser da marca. Robson Debiasi, o primeiro vocalista dos Ratones hoje é fotógrafo profissional, ele me deu um poster da Linda Ipa com a guitarra na cenografia, tão linda foto que coloquei em um quadro. O primeiro baterista dos Ratones foi Mahicon Librelato, aquele mesmo atacante do Internacional de Porto Alegre, falecido em um acidente automobilístico em Florianópolis, ele era muito exigente principalmente comigo, o melhor da banda.

Foto: Arq. Pessoal

A banda que faz referência ao Ramones, também ganhou uma cerveja do mesmo tipo, como surgiu essa ideia de homenagem?

Richard: No final de 2018 fomos procurados pela Hop Head Farms para fazer uma cerveja no Brasil para dar início na distribuição dos lúpúlos deles. O BJCP acabara de homologar New England IPA como estilo provisório. A ideia de ter um nome na cerveja fazia todo sentido, como um Deja-Vu lembrei dos Ramones como sendo uma banda americana que poderia triangular nossa história. Automaticamente o álbum Rocket to Russia me veio na memória, e o trocadilho para Rocket to Hop surgiu muito rápido.

Foto: Richard Westphal Brighenti

Já sabemos que você gosta bastante da nata do Rock, mas queremos saber sobre as novas bandas que vem surgindo, qual você parou para ouvir?

Richard: A idade nos faz ficar mais ecléticos. Mas compartilhar um gosto musical é algo que sempre gostei. Atualmente estou ouvindo uma banda chamada The Menzingers, eles possuem poucos álbuns, mas são discos que você ouve da primeira até a última sem ficar pulando faixas. O Spotify também me recomendou uma velha banda por associação em um disco onde Marky Ramone participou em um álbum, é a banda Teenage Head.

5 anos de Lohn Bier, qual o próximo passo da cervejaria nos próximos anos?

Richard: Continuar fazendo boas cervejas. Temos muitas ideias ainda não colocadas em prática e muito mercado para abrir no Brasil e fora dele.

Rock + Breja, o que faz pensar nessa combinação?

Richard: As cervejas harmonizam muito com tudo. Com a gastronomia, momento, lugar e demais com músicas. Na primeira palestra de harmonização que dei, fiz a harmonização com queijos e durante os minutos de degustação pedi para tocar uma música para cada cerveja. As pessoas ainda hoje me agradecem pelas músicas e nem lembram quais queijos comeram. Algum tempo depois do livro lançarei um programa tipo Podcast, entre histórias que penso contar, as músicas estarão lá. Já tenho a direção, falta apenas tempo.

Mensagem final aos fãs da Lohn Bier ao nosso site:

Richard: Fazemos Cervejas. A Lohn possui uma história digna de ser contada, mas não fizemos cervejas sozinhos, cada pessoa que já prestigiou uma cerveja é parte desta história. Queremos continuar fazendo o que mais sabemos, criar cervejas e ter um historytelig verdadeiro, se a cerveja for boa, melhor ainda. Meu amigo Sady Homrich disse em um vídeo da Lohn certa vez: “Muita gente ainda não bebeu uma cerveja artesanal.”, eu reitero que muita gente ainda não bebeu uma Lohn, então temos muito trabalho por fazer. Obrigado por tudo. Seguimos.

Comemorem conosco na Lohn Open Haus. Os que vierem até Lauro Muller em Santa Catarina poderão curtir mais uma festa digna de celebrar. Serão 40 estilos de cervejas liberadas nas torneiras, de lagers, ácidas, lupuladas e envelhecidas, para todos os gostos. Nossa cerveja de aniversário é a Gravity Brut Ipa, para brindar esses cinco anos bem vividos. Fiquem atentos nas redes sociais, eventos paralelos da Lohn Open Haus acontecerão em 3 bares de São Paulo e 1 no Rio.

Redes Sociais:
Facebook: @lohnbier
Instagram: @lohnbier

By Henrique Carnevalli

Viciado em música, Pirado na fase psicodélica do Ronnie Von e Corinthiano. Lupúlomaníaco e Beer Sommelier formado no ICB.

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