fbpx

Primeiramente precisamos registrar um simplório pedido de desculpas à banda Megaira e fãs pela demora da resenha, porém gostaríamos de ressaltar que valeu muito a pena esta espera e estamos muito orgulhosos em poder avaliar um material com uma qualidade ímpar e que nos acrescentou muito, em vários sentidos, ja que se trata de um disco com temática mitológica e um som diferenciado no cenário nacional.

Megaira, banda formada em 2009 com membros de São Paulo e ABCD Paulista que faz um som no estiloThrash/death metal com metal tradicional que tem como o maior diferencial, além de letras voltadas à mitologia grega, é o som propriamente dito, ou seja, ja que temos duas vozes, uma masculina e outra feminina, não temos uma “voz lírica feminina” contrastando com o gutural masculino, optaram pelo simples, temos apenas uma bela voz heavy metal feminina, só isso!

Essa fórmula de ter uma voz feminina mas que não seja lírica, foi um grande desafio e ao mesmo tempo uma grande sacada da banda justamente por não ser tão comum, mas o encaixe foi na medida certa para a Megaira, alguém teve essa ideia lá trás e hoje é o diferencial e que tornou a identidade da banda que é hoje a ponto de identificarmos ela entre várias outras bandas.

Power, Lies and Death foi lançado oficialmente em Agosto de 2017 e de lá pra cá a banda tem colecionado alguns shows e prémios importantes, podemos destacar a abertura pra banda Maldita do Rio de Janeiro na Fofinho Rock Bar, Rock Fest Zona Leste e o 3o lugar para as 50 melhores músicas de 2019 aqui do RockBreja, recebendo o 3o lugar com louvor com a música End Of A Reign (Begin The Judgement) e para os 3 primeiros lugares receberam um troféu personalizado Top 50 RockBreja.

No início, a banda ainda não tinha um direcionamento definido e aos poucos a temática Mitologia foi agregando valor tanto ao som quanto às letras e este “conceito” caiu no gosto dos integrantes permanecendo até os dias atuais.

Toda uma ambientação cênica foi necessária ser criada no palco valorizando cada detalhe como vestimentas por exemplo, pra poder contar visualmente falando determinada história. O tema mitologia grega permitiu isso. A teatralidade, a atmosfera foi muito importante para mostrar e entender o que estava sendo apresentado como produto.

Isso foi extremamente importante porque ouve a união de várias vertentes do metal como Black Metal, Metal Melódico, etc.

Todas as músicas são uma espécie de Opera Rock, que tem estrofe, refrão e ficamos presos às músicas pois tudo é bem personalizado.

A primeira música, Rising Of The King, que é uma intro e que tem pouco mais de 1 minuto e é muito bem construída.
Na sequencia tem Power And Cruelty que é o cartão de visitas, música rápida, bem estruturada, Ariadne’s Thread, mais compassada e que dá lugar a riffs as vezes mais pesados e as vezes mais melódicos.

Todas as 8 faixas são excelentes porém destaca-se Dedalus And Icarus Escape, maior faixa do disco com mais de 7 minutos, End Of A Reign (Begin The Judgement) que é o videoclipe, Erinyes e na minha opinião Corona Borealis é a melhor faixa do disco.

Em alguns momentos a voz de Annia, por não ser lírica, me lembrou o timbre do primeiro vocalista da banda Hangar, Michael Polchowicz (Ex-Hangar, Venus Attack, Riffmaker).

O conceito do disco é baseado em algumas histórias da mitologia grega tais como a do Minotauro, o labirinto e a morte de Ícaro, mas também apresenta personagens não tão conhecidos e suas trajetórias, como a da constelação Corona Borealis e a ida de Minos ser o juiz no Tártaro.

O disco inicia narrando sobre Minos, o rei de Creta, seus anseios por poder e Ariadne, sua filha, que ajudou Teseu, o herói de Atenas, a entrar no labirinto e matar o Minotauro.

Também nos é mostrado Dédalo, inventor e arquiteto, que foi punido pelo rei junto com seu filho Ícaro a ficarem presos dentro de sua própria criação, o labirinto, e narra sua fuga espetacular que resultou na morte de Ícaro que voou tão alto, próximo ao sol. Furioso, Minos vai para a Sicília na busca por Dédalo, mas acaba morrendo, indo assim para o Tártaro e transformando-se, junto com seus outros 2 irmãos, em um dos juízes de Hades.

Além destas e outras histórias o álbum conta também com a música Erinyes, que narra a história das 3 divindades que punem os mortais pelos seus pecados, sendo uma delas a Megaira, que dá nome a banda.

End of a Reign” é o primeiro clipe da banda e que conta o final da história do Rei Cacos.
A capa também faz uma referência direta à esta música/letra e Leandro Furlanetto Designer (amigo de Tiago Souza/baixista) que é um excelente designer de jogos representou isso muito bem.

A história de bastidores do clipe também é bem bacana, os takes foram feitos com vários atores (que na sua maioria eram amigos e familiares) e foi feito numa garagem, devido o orçamento apertado, mas não refletiu negativamente em nada, pois o resultado final ficou incrível e gratificante para todos os envolvidos.

E quem não gosta de uma boa história não é mesmo? Um dos próximos passos é dar uma cara à Megaira propriamente dita, como entidade e como banda e isso pode ser refletido na capa do próximo disco, muito provavelmente.

Capa
Foi confeccionada pelo designer gráfico Leandro Furlanetto e foi divulgada no dia 13/07, Dia Mundial do Rock, tendo como personagem principal Minos, o Rei de Creta, sentado em seu trono.
Leandro também é desenhista gráfico de jogos e fez um trabalho bem bacana para representar a Megaira neste seu primeiro disco.
O disco tem encarte com letras, agradecimentos, ficha técnica e etc tudo certinho e na mais perfeita ordem, fizeram a lição de casa direitinho.

No Geral
Toda a banda é muito boa, sem exageros, porém tenho que destacar a performance do batera Paulo Lima, suas levadas, nuances e habilidades com o instrumento merece destaque… um detalhe aqui e ali faz toda a diferença, valoriza e engrandece o trabalho como um todo.

A vocalista Annia, além de cantora (Megaira, RadioMetria, etc), é formada em moda, atriz e tem em conjunto com o marido, um canal no youtube de cerveja artesanal, ou seja, tem tudo a ver com Rockbreja na sua forma mais pura!

Este ano a banda lançou o single “Treason by Treason” que narra a história de Cronos, filho de Urano e Gaia.
O lançamento também vem com um anúncio de fechamento de ciclo da banda com a saída dos integrantes Paulo Melo (guitarrista, co-fundador da Megaira e compositor melódico) e Paulo Lima (baterista).
Muito boa sorte em seus novos projetos para estes excelentes músicos!

Antes de fecharmos esta resenha, ressaltamos que a banda participou de um tribudo duplo ao AC/DC com bandas nacionais. Mais detalhes AQUI.

Vão levar 8 brejas extremamente geladas.

Músicas
01- Rising Of The King (Intro)
02- Power And Cruelty
03- Ariadne’s Thread
04- The Fall Of Minotaur
05- Dedalus And Icarus Escape
06- Corona Borealis
07- End Of A Reign (Begin The Judgement)
08- Erinyes

Formação
Paulo Schimit (Voz)
Annia Bertoni (Voz)
Paulo Melo (Guitarra)
Tom Petram (Guitarra)
Tiago Souza (Baixo)
Paulo Lima (Bateria)

NOTA:  08/10

By Alex Silva

Headbanger desde que se conhece por gente, Design Gráfico de formação, fissurado por discos de vinil de bandas de hard/rock/metal/punk nacional dos anos 80/90´s, no entanto um apreciador de uma boa música, independente de estilos.

Comentários

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.