Este disco é muito especial tanto para Edu Falaschi quanto os fãs pois comemora não só 30 anos
de carreira mas como também o renascimento de uma incrível fase que Edu vem passando.
Edu juntou um time de super músicos, produtores e amigos e o resultado de todo este investimento
está no mais novo disco chamado Vera Cruz.
O conceito da história, que é uma mistura de fatos e ficção, foi criado por Edu e desenvolvido
por Fabio Caldeira (vocalista da banda Maestrick)
O disco é conceitual, ambientado entre Brasil e Portugal nos tempos do descobrimento da Terra de
Vera Cruz pelos lusitanos. Como os próprios envolvidos descrevem, é um disco bem cinematográfico.
Com seu lançamento oficial dia 18 de maio de 2021 e uma pré-venda com 2000 kits exclusivos, o
disco beneficia o público brasileiro, pois contém um bônus track acústico especificamente para
os fãs tupiniquins.
Edu comenta que resgatou a técnica e o alcance vocal dos tempos do disco Rebirth, e isto o deixou muito seguro e confortável para alcançar o resultado final do disco.
Não vamos entrar no detalhe de analisar cada faixa minuciosamente, no entanto vamos passar pelas
faixas contando um pouco da sua história, do conceito e clima que as envolvem… bora lá…
1-Burden
Sendo a introdução do disco, podemos dizer que é um prólogo com diálogos que narra uma
perseguição de dois homens à uma mulher com um bebê. A mulher deixa a criança num convento
(Convento de Cristo) e acaba enfrentando estes dois homens, ela fere um deles no olho porém é
atacada e vem a falecer naquele mesmo instante.
Paralelamente à este acontecimento, uma irmã do convento (irmã Rosa) percebe o choro do bebê e o
acolhe sem que os homens percebam.
O bebê recebe o nome de Jorge, pois em seu peito há uma marca que faz lembrar a “cruz de São
Jorge”.
Os dois homens que mataram a mulher pertencem a “Ordem da Cruz de Nero”, uma ordem secreta e
maléfica. O líder da ordem chama-se “Bispo Negro” e chega até ele que a criança “com a marca”
ainda está viva.
No final da música diz-se a frase: “Mate sua ancestralidade” (que é o nome da próxima faixa).
2-The Ancestry
Mostra Jorge sendo criado e crescendo, os pesadelos, as visões de Caravelas são uma constante em
sua vida. Estas visões chama a atenção da Madre Superior, Irmã Antonela, que é estudiosa de
antigas simbologias. Ela leva suas suas suspeitas para Frei Dom Abelardo e um cavaleiro (Grão
Mestre da Ordem de Cristo) que se encontra na administração do convento, e chegam a conclusão de
que Jorge é a pessoa da profecia e o cavaleiro Grão Mestre é quem o protegerá dali por diante.
Havia uma profecia que dizia que o escolhido nasceria da descendência do primeiro Bispo Negro e
que mataria todo um exército para por fim a Ordem da Cruz de Nero.
3-Sea of Uncertainties
São as visões de Jorge e que ele não sabia ao certo o que seriam – continuação das visões da
música anterior (Caravelas, Indígenas, uma Nova Terra), mas que faziam parte disso.
Arthur, amigo desde infância de Jorge, e o próprio Jorge participam de uma festa chamada “Festa
dos Tabuleiros” desfrutam da mesma tranquilamente e, quando vão embora se desencontram e Jorge
se depara com dois homens: um deles é o “homem da cicatriz” que tentam matá-lo, porém aparece o
Cavaleiro da Ordem de Cristo, Cavaleiro Grão Mestre o defende fazendo com que eles vão embora.
O Mestre da Ordem de Cristo, ou seja, Pedro Alvares Cabral, adota Jorge como seu pupilo e o
inicia na “Ordem de Cristo”. Treinando-o e e contando detalhes da profecia do qual, agora, Jorge
conscientemente faz parte.
Jorge foi convidado a participar da esquadra de Pedro Alvares Cabral à desbravar novas terras.
4-Skies in your Eyes
É a despedida de Jorge com as pessoas queridas – Irmã Antonela, Frei Dom Abelardo, Arthur e
principalmente Irmã Rosa, a quem tem um apreço ímpar.
Esta música conta que para Jorge não sentir falda dela, além de levar rosas consigo, vai olhar
para o céu e lembrar de seus “olhos azuis”
5-Frol de La Mar
Orquestração que simboliza a ambientação de um porto e é o nome da caravela de Pedro Alvares
Cabral, que significa “Flor do Mar”.
6-Crosses
A esquadra partindo, descrevendo todos os seus detalhes… Jorge muito atento a tudo e percebe
algumas pessoas um tanto estranhas no navio.
Crosses pode ser entendido como a representação da percepção tanto da “cruz” metaforicamente
falando, como a cruz (marca) nele, a simbologia nas caravelas (várias cruzes).
7-Land Ahoy
Quando chegam na nova terra, Jorge é designado para fazer o reconhecimento da mesma, ja que tem
treinamento específico e preparo como Cavaleiro.
Em um determinado momento, Jorge percebe que está sendo seguido e é atacado chegando a desmaiar.
Ao acordar percebe que um dos homens à sua volta é o “homem da cicatriz” e que estão decidindo
como vão matá-lo, quando um deles é atingido por uma flecha.
Eis que aparece uma muralha de Índios que os alvejam com suas flechas e lanças. O “homem da
cicatriz” coloca seus homens em sua frente e é o único que consegue fugir, todos os demais
morrem.
Um dos indígenas se prepara para flechar Jorge quando um ancião indígena vê a marca em seu peito
e imediatamente pede para levá-lo para a tribo.
Chegando na tribo, o Cacique Piatã pede para que o levem para o templo sagrado indígena.
Uma profecia indígena dizia que um dia, um filho do mar se encontraria com um filho da árvore
(simbolicamente falando representa uma “cruz”), ele traria luz para o mundo.
Janaína, que era filha do Cacique, ficou responsável de cuidar de Jorge e com o tempo se
apaixonaram.
Para que Jorge pudesse entrar para a tribo, precisou passar por um ritual indígena. Neste
ritual, bebe-se um líquido que o faz se conectar com toda a história da profecia, desde seu
início, desde o primeiro Bispo Negro, passando por seus ancestrais, chegando em sua mãe, neste
momento ele se apropria de tudo aquilo e diz:
“Eu sou o escolhido, eu aceito a minha missão… eu vou acabar com a Ordem da Cruz de Nero”
8-Fire With Fire
Volta às visões que tinha, de todas aquelas imagens mencionadas quando bebeu o líquido do
ritual.
Anos se passam e Jorge reencontra seu amigo de infância, Arthur do qual volta para Portugal com
uma carta escrita por Jorge, direcionada à Pedro Alvares Cabral, contando tudo o que aconteceu,
que está vivo e vai precisar que voltem com força militar total juntamente com integrantes da
Ordem de Cristo.
Arthur volta com certa cautela pois haviam vários integrantes da Ordem da Cruz de Nero
infiltrados nos diversos níveis da sociedade e também consegue avisar Pedro Alvares Cabral.
O Bispo Negro também fica sabendo que Jorge está vivo e, secretamente e antecipadamente, monta
uma grande esquadra que primeiro chega para buscar Jorge.
Jorge acredita, erroneamente, ser Pedro Alvares Cabral chegando em sua nova terra (Brasil).
9-Mirror of Delusion
Tanto Jorge como o Cacique e índios estão esperando Pedro Alvares Cabral chegar, porém quem
aparece com suas insígnias é o Bispo Negro da Cruz de Nero, neste caso nada mais nada menos que
Frei Dom Henrique de Coimbra que estava infiltrado desde o início de nossa história.
10-Bonfire of the Vanities
Momento de reflexão de Jorge, ele não vai deixar que este mal continue, ele tem forças
suficientes para acabar com a Ordem da Cruz de Nero, que neste momento está aportando, fazendo
acampamento.
É a preparação para a batalha, é a reflexão dele sobre tudo o que aconteceu e o que está por vir.
É a continuação do ritual, se despindo de tudo o que lhe faz mal para poder estar íntegro para a
batalha
11-Face of the Storm
É uma espécie de discurso de incentivo do Cacique da tribo, enquanto se preparam para a batalha
Eles verão a força do nosso povo só de olhar para os nossos rostos.
Nesta faixa temos a participação de Max Cavalera, que representa este Cacique.
A batalha começa e durante ela o homem da cicatriz diz para Jorge que foi ele quem matou sua
mãe.
Quando a Ordem da Cruz de Nero acredita estar ganhando a batalha, aporta no horizonte a enquadra
de Pedro Alvares Cabral que se juntam com os indígenas e massacram veemente com os inimigos, um
a um, acabam com A Ordem da Cruz de Nero, o homem da cicatriz, o Bispo Negro e etc.
12-Rainha do Luar
Elba Ramalho interpreta Janaína, a filha do Cacique
Esta música representa o casamento dos dois, a união dos dois povos (europeus e indígenas) com a
seguinte letra: “e será… juntos sempre em frente”
Os dois juntos levaram as boas novas para o mundo!
Prestem atenção nas letras para poder entender melhor o exposto acima.
Como contextualizamos as músicas, faremos aqui um breve histórico sobre o áudio:
1-Burden
É a Intro do disco, ambientando a perseguição e morte à mãe de Jorge.
2-The Ancestry
Nesta é tudo muito rápido, eu ja sabia que Aquiles é super rápido e tudo mais, porém as
guitarras não ficam pra trás não, tudo numa velocidade ímpar.
Ótima música com pré-refrão e refrão fortes.
3-Sea of Uncertainties
Esta foi a música que “vazou” e muita gente pode ouvi-la antes do lançamento oficial.
4-Skies in your Eyes
Balada com uma pegada muito bem feita à la Edu Falaschi.
5-Frol de La Mar
Com orquestrações de Pablo Greg esta é a ponte para a próxima música.
Aliás Pablo fez a orquestração de todo o disco.
6-Crosses
Tão rápida quanto The Ancestry, porém com um refrão menos marcante e com algumas passagens mais
lineares, menos agressivas.
7-Land Ahoy
Com seus quase 10 minutos é a música mais longa do disco, com um tom de brincadeira
“verdadeira”, é considerada por muitos a “Bohemian Rhaphsody” do Edu.
Tem uma ambientação bem bacana, tem canto gregoriano, tem baião e outros elementos da música
brasileira.
8-Fire With Fire
Não tão rápida quanto a maioria das músicas do disco, mas um pouco mais cadenciada.
9-Mirror of Delusion
Tem um baião no início e violões de Edu que conta que a inspiração veio no meio de uma “live”.
10-Bonfire of the Vanities
Segunda balada do disco e não menos incrível do que a anterior, também é muito a cara do Edu e
Frederico Puppi toca violoncelo.
11-Face of the Storm
Max foi especialmente convidado pois Edu não domina a técnica gutural.
Esta música foi escrita especialmente para ele cantar, confessa Edu.
Gostei muito do início dela, bem especificamente o primeiro minuto que depois volta pouco antes
do final, é uma levada que nos faz ser parte do cenário da batalha e o vocal gutural de Max nos
remete a fúria de uma batalha real.
12-Rainha do Luar
Pra mim, esta é a melhor música do disco, tem uma atmosfera incrível, o doce sotaque de Elba
Ramalho em dueto com a voz de Edu me remete há muitas coisas bacanas e improváveis, como por
exemplo uma artista que não tem nada a ver com o Heavy Metal dar esta contribuição e honrar a
todos nós com sua mágica contribuição.
13-Skies in your Eyes
Faixa bônus acústica, específica para o público brasileiro.
É claro que se parece com Angra, é claro que se parece com Symbols, simplesmente por Edu ter
participado com veemência destas bandas em suas fases importantes.
Tem músicas e partes de músicas da época do Symbols, que estavam guardadas e Edu achou oportuno
usá-las neste momento, por isso se parece com Symbols
Pessoal, são 30 anos de carreira e ganhamos um presente incrível que é este disco de um artista
ímpar no cenário pesado nacional.
Tem muita gente dizendo muita besteira por aí, dizendo que é cópia de “Temple of Shadows“, que é
cópia de “Holy Land“… nada a ver… o que acontece é que Edu participou (e contribuiu muito!)
no disco Temple of Shadows, por isso sua influência e experiência se espelhou neste novo
trabalho, que é algo natural na carreira de um artista. E o que tem a ver com Holy Land: eu lhes
digo, a única coisa que tem semelhante a Holy Land é que é mais um disco conceitual e que também
trata, mesmo que seja de uma forma diferente, d´um mesmo tema que é a descoberta de uma nova
terra, só isso e nada mais!
Na verdade, na verdade mesmo o primeiro disco solo de Edu é o do Almah, porém tem o nome de
“banda” e agora Edu leva o seu nome.
Arte
A pré-venda contou com 2000 unidades, ou seja, 2000 pessoas compraram o kit sem saber de fato o que estariam levando, ou seja, confiaram muito no artista que Edu é, mérito de seu esforço nestes 30 anos dedicados ao metal nacional.
Edu fez questão de autografar cada kit e numerá-las de próprio punho
A incrivelmente bem elaborada capa ficou a cargo de Carlos Fides.
Este kit exclusivo da pré-venda contou com um Digibook de capa dura, CD e DVD, livreto com o
resumo da estória, letras, fotos, camiseta e caneca. Tudo isso dentro de uma caixa
contextualizada e especial.
E para os saudosistas (assim como eu!) também tem a versão em Fita K7 e Vinil colorido Duplo. Um
impressionante trabalho e investimento que a merecida gravadora MS Metal Records se encarregou
de criar.
No Geral
Este é um disco que se deve ouvir várias vezes para se acostumar e entrar na ambientação
proposta.
Ouça alto e num bom aparelho para não perder nenhum detalhe, você vai perceber e sentir
sensações incríveis.
Algumas músicas são tão rápidas que, num primeiro momento, o cérebro não consegue processar bem
o que se ouve e com o tempo nos acostumamos e conseguimos ouvir tudo o que está sendo executado.
É um disco bem detalhado com relação a tudo, desde o som até as belas artes do disco, do vídeo
introdutório e assim por diante. Tem muita coisa para se absorver.
Os refrãos e pre-refrãos são muito bons e as músicas não tem intervalo entre sí.
Sabemos que tem material oficial de divulgação detalhando muita coisa, mas preferimos mergulhar
no universo do Vera Cruz por nós mesmos e externar nossas impressões, dando total liberdade para
que o ouvinte sinta-se à vontade para externar suas opiniões também e não ficando em um texto
“engessado” e artificial.
E aguardem para ver o show ao vivo, Edu disse que se sair como está planejando veremos
apresentações incríveis, nunca vista antes com produção de palco grandiosa.
Para quem curte um som veloz com muita guitarra é um prato cheio… vão levar 8 brejas
extremamente geladas!
Setlist:
01- Burden
02- The Ancestry 02:00
03- Sea of Uncertainties 07:49
04- Skies in Your Eyes 12:40
05- Frol de La Mar 17:02
06- Crosses 17:59
07- Land Ahoy 22:38
08- Fire With Fire 32:15
09- Mirror of Delusion 38:50
10- Bonfire of the Vanities 44:15
11- Face of the Storm (Feat Max Cavaleira) 47:41
12- Rainha do Luar (Feat Elba Ramalho) 55:09
[Bonus]
13- Skies in Your Eyes (Acoustic) 59:13
Formação:
Edu Falaschi (Vocais e produção)
Thiago Bianchi (Coproduor)
Aquiles Priester (Bateria)
Diogo Mafra (Guitarra)
Pablo Greg (Orquestra)
Fabio Laguna (Teclado)
Raphael Dafras (Baixo)
Roberto Barros (Guitarra)
Federico Puppi (Celista)
Tiago Mineiro (Pianista)
Maestro Adriano Machado (Orquestra de Quarteto)
Dennis Ward (Mixagem e masterização)
Tito Falaschi (Guitarra solo de “Bonfire of The Vanities”)
Rafael Meninão (Acordeão de “Rainha do Luar”)
“Cor All” – [Falaschi,Bianchi, Mi, Raissa and Fabio Caldeira] – (Corais)
Fabio Caldeira (Escritor/Conceito da Estória)
(*)Gravado nos estúdios Nas Nuves do famoso produtor Liminha.