Banda Pernambucana formada em 2015 que tem na bagagem muito vigor, agressividade, competência além de dois EP´s digitais, um de 2016 chamado Prole e o outro, motivo desta resenha, Marginal de 2017.
A proposta da banda, dentre vários outros temas, especificamente para este trabalho aborda a a questão histórica racial do Brasil, falando da herança maldita que o país recebeu dos tempos da escravidão e como os negros sofrem com isso até hoje.
Tanto é que este trabalho foi oficialmente lançado no Dia da Consciência Negra, ou seja, 20 de Novembro de 2017.
Recebi um documento com a apresentação da banda e havia um trecho que transcrevo aqui: “…O que é liberdade, quando usam a tua cor como critério de avaliação? Se é negro, não tem santidade. Se é branco, não tem sanidade. Parece que a única vaga na escola que o negro tem garantida aqui nesse país é na prisão, quando não é no caixão. Lá ele não precisa de cota…”.
É uma pena este trabalho ser um EP com apenas 3 músicas, mas vamos tentar avaliá-las a partir de agora.
A primeira, Ogun, é uma Intro que apresenta um pouco de sons da cultura afro.
Logo em seguida temos No Açoite, com vocais que urram, bateria muito veloz, riffs de guitarras ensandecidas, baixo pesado e preciso.
Na faixa seguinte, Mordaça, não é diferente, a banda mantém o nível de agressividade, velocidade e peso. Vale lembrar que também temos participações especiais: Bruno Saraiva (Teclados) e o Professor Jeison Silva (Percussões). Esta faixa também ganhou um web-clipe que pode ser conferido AQUI.
Arte
Como resenhamos a versão digital deste trabalho, somente podemos avaliar a capa. Se comparada a Prole, percebemos uma evolução gritante, não especificamente com o desenho em si, mas digo referente à tecnologias utilizadas nestas duas. Ja que a primeira parece ter sido desenhada à mão e a segunda utilizando recursos e efeitos de computador, mas que para mim, remete a algo do tipo: “a banda utilizou até o osso as inspirações pra a concretização deste segundo trabalho”. Gostei muito da ornamentação das cores utilizadas.
No Geral
Ja deixei claro aqui, por várias vezes, que gosto muito de som cantado em português, e com esta banda não é diferente. Parabéns por esta iniciativa e pela tarefa um tanto difícil que é cantar no nosso idioma. Vale ressaltar que temos ótimas bandas aqui de Pernambuco nesta vertente do metal e que cantam em português, Cangaço é uma destas bandas de que me orgulho muito em ter conhecido, tenho muita admiração e respeito por eles.
Realmente acredito que Marginal tinha que ser o sucessor de Prole, se juntarmos os dois podemos dizer que um é complemento do outro e que se unem pela personalidade da banda como um todo.
Black Metal, Death Metal não importa o rótulo, a banda Matakabra pode ser o que quiser.
O EP anterior, rendeu à banda a “Prole Maldita Tour”, com mais de 20 shows em 07 estados da região Nordeste e para o novo trabalho, Marginal, a banda ja começou com pé direito promovendo o “MTK Fest” que foi realizado no Estelita, no dia 26 de novembro, em Recife (PE) e conta contou com um line up composto por tradicionais bandas do metal extremo pernambucano: Matakabra, Pandemmy e Decomposed God.
Estamos na expectativa da breve vinda de um disco completo, pois a banda tem muita capacidade para isso, ja que podemos encontrar materiais “Demos” da banda pela internet e que não estão nem neste trabalho e nem no anterior (ex.: faixa “Com As Próprias Mãos” que é uma excelente música!)
Ah, antes que eu me esqueça, para quem conhece o consagrado festival Pernambucano Abril Pro Rock, a versão deste ano que acontece nos dias 27 e 28 de Abril, conta com nada mais nada menos que três bandas Pernambucanas em seu dia do metal (Hanagorik, Decomposed God e o próprio Matakabra). Pernambuco é um polo musical muito vasto, com excelentes bandas, só mesmo estando aqui para vivenciar isto de perto.
Vão levar 7 cervejas estupidamente geladas pra curtir o calor do Nordeste.
Formação
Rodrigo Costa- Vocal
Fernando Marques – Guitarra
Rafael Coutinho – Baixo
Theo Espindola – Bateria
Participação: Bruno Saraiva (Teclados), Professor Jeison Silva (Percussões)
Track List
1-Ogun (Intro)
2-No Açoite
3-Mordaça
NOTA: