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Os Deuses do Metal estão de volta! Judas Priest, na véspera de seus 50 anos de carreira, lança FIREPOWER, um arsenal de 14 canções que serve como testemunha para o imensurável legado criado por umas das maiores bandas de Heavy Metal de todos os tempos.

O follow-up de Redeemer of Souls (2014) é tal apenas no sentido de ser o segundo álbum com o novo guitarrista Richie Faulkner, trazido em 2011 para preencher o vácuo deixado por K.K. Downing, membro original desde 1969. A banda insistiu desde o começo das gravações que não queriam fazer ‘Redeemer parte 2’, FIREPOWER seria algo diferente; e certamente atingiram esse feito com muito orgulho.

FIREPOWER é uma mistura do bom e velho Judas Priest que todos conhecemos e o Judas Priest de 2018; e não apenas nas canções. O produtor veterano Tom Allom que trabalhou com a banda durante toda a década de ‘80 foi convidado de volta junto com o guitarrista/produtor Andy Sneap que tem sido responsável por alguns dos melhores discos de Metal dos últimos 10 anos. A combinação provou ser uma jogada inteligente por parte da banda. A dupla contribuiu com uma produção extremamente nítida e limpa onde cada detalhe, desde o baixo estrondoso de Ian Hill até as harmonias vocais mais sutis, soam claríssimas para os ouvintes e acrescentam mais camadas para as composições. FIREPOWER é 100% Judas Priest, mas se encaixa perfeitamente no mundo moderno do Metal.

O trio que abre FIREPOWER – composto pela faixa título junto com “Lightning Strike” e “Evil Never Dies” – é uma barragem total do melhor que Judas Priest sabe oferecer. Os ritmos absurdos de Scott Travis trazem ainda mais robustez às guitarras duplas de Glenn Tipton e Richie Faulkner, remanescente à época de ‘Painkiller’. Mesmo a banda tendo tirado o pé um pouco de acelerador com o avanço da idade, eles pisam no pedal com tudo para as primeiras três faixas e não mostram nenhum sinal de que estão prontos para parar no futuro próximo. Todos brilham aqui de começo a fim.

O Judas Priest nunca foi de fazer o mesmo álbum duas vezes, e mesmo assim sempre conseguiram manter sua identidade e produzir um som distinto que é instantaneamente reconhecível. Quando uma banda permanece ativa por tantos anos parece lógico que ela voltaria a revistar seus dias de glória. Não é o caso de Judas Priest que sempre acompanhou as tendências das épocas que viveram para gravar álbuns contemporâneos mas com a essência clássica da banda sempre infusa garantindo que nenhum dos seus 18 álbuns de carreira envelhecessem mal. No entanto, é inevitável que eles acabem sendo “influenciados” por seu próprio trabalho. Em FIREPOWER não é diferente. Adicionando uma pegada bastante moderna, a banda entra num clima anos ‘70 em “Children of The Sun”, “Spectre” e “Lone Wolf”, repletas de refrões e solos blueseiros e até um ar de Doom Metal ala Black Sabbath na última mencionada.

FIREPOWER demonstra sem dúvida as melhores letras de qualquer álbum do Judas Priest. Reflexões dos dias modernos, Rob Halford diz ter sido inspirado pelas políticas recentes que ele diz ter um poder ‘destrutivo’ e como nós reagimos à tempos difíceis. Halford também fala sobre os desafios que a banda teve de encarar ao longo dos anos e como o Judas Priest sempre saiu por cima mais forte e mais confiante. Esses temas estão especialmente presentes em faixas como “Never The Heroes” e “Rising From Ruins”, destaques do disco elegidos pela própria banda como duas de suas favoritas. As melodias marcantes, os refrões impetuosos, as mudanças de tempo e os solos implacáveis complementam perfeitamente as letras. FIREPOWER quase poderia ser chamado de um ‘concept album’ já que quase todas as canções entram no tema de conflitos – sejam elas guerras de vasta escala ou lutas pessoais – mas mesmo com algumas referencias claras, as letras seguem sendo ambíguas para o público interpreta-las de sua maneira, como Halford faz em todos seus álbuns.

O álbum por sua vez tem seus momentos menos chamativos. “Flame Thrower” é com certeza o ponto fraco do álbum, que traz refrões e melodias bem dissemelhantes de Judas Priest. A voz característica de Halford salva a canção de soar como outra banda diferente. “Necromancer” sofre do mesmo problema e parece se encaixar mais num projeto solo de Halford que no Judas Priest, mesmo assim conta com excelentes performances de Halford e Scott Travis e as letras inspirada em filmes de terror acrescentam um pouco mais de vida à canção. O disco inteiro apresenta ideias interessantes, mas em uma faixa aqui e ali se tem a impressão que elas não são desenvolvidas tanto quanto poderiam ser e isso é especialmente o caso nessas duas que consequentemente acabam soando um pouco mais genéricas que as demais.

Composta por Glenn Tipton, “No Surrender” parece vir direto de sua batalha pessoal com Parkinsons ao longo dos últimos 10 anos. Com menos de 3 minutos de duração, é a mais simples do disco mas traz um refrão encantador como só Glenn Tipton sabe criar. Na opinião deste colaborador, seria uma ótima canção para Tipton subir aos palcos para tocar nos shows já que infelizmente sua condição não irá permitir que toque o set inteiro na próxima turnê. Tipton subindo ao palco para tocar essa canção seguida por “Breaking the Law” levará os fãs ao delírio e seria a oportunidade perfeita para transmitir seu desejo de seguir lutando e esperançosamente poder voltar como integrante efetivo.

Depois de quase meio século de carreira, Judas Priest segue se reinventando e dominando as dificuldades que os encaram. Richie Faulkner definitivamente se estabeleceu na banda e prova concretamente que tem sido uma adição inestimável para a banda; tanto nos palcos quanto nos estúdios de gravação. Rob Halford canta mais claro do que nunca em seu registro barítono que ele aperfeiçoou no início do milênio, e ainda demonstra de vez em quando que sabe esbravejar seus clássicos gritos penetrantes. Scott Travis e Ian Hill por sua vez, apresentam as melhores performances de suas carreiras e nas entrevistas recentes eles próprios afirmam isso, embora indiretamente. Mesmo com sua condição, Glenn Tipton permanecerá ativo na banda, que contará com a ajuda do co-produtor Andy Sneap para os shows da turnê.

Esse pode vir a ser o último álbum de estúdio da lendária banda de Heavy Metal. Se for, será uma maneira espetacular de encerrar uma das carreiras mais dignas do mundo da música. FIREPOWER poderia entrar facilmente no Top 10 do Judas Priest e seguramente estará presente entre os melhores discos do ano de 2018. Mas mais importante que isso, comprova categoricamente que o Judas Priest continua firme e forte como nunca; tanto musicalmente como espiritualmente.

Formação
Rob Halford – Vocal
Glenn Tipton – Guitarra
Richie Faulkner – Guitarra
Ian Hill – Baixo
Scott Travis – Bateria

Track List
1 – Firepower
2 – Lightning Strike
3 – Evil Never Dies
4 – Never The Heroes
5 – Necromancer
6 – Children of The Sun
7 – Guardians
8 – Rising From Ruins
9 – Flame Thrower
10 – Spectre
11 – Traitors Gate
12 – No Surrender
13 – Lone Wolf
14 – Sea of Red

NOTA – cervcervcervcervcervm  9/10

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