Nascida em 2006 de um tributo ao Épica, a banda liderada por Fabio Matos tomou novos rumos e em 2009 passou a compor e tocar suas próprias músicas, ou seja, mais uma banda apostando no som autoral. Tenho por mim que não deve ter sido um caminho tão fácil assim, porém no decorrer desta resenha veremos o quanto valeu a pena.
É claro que no parágrafo acima resumi muito a história da banda, visto que muita gente entrou e saiu, como vocalistas, guitarristas, la no início a banda tinha outro nome e sua vertente era o Power Metal, porém em 2009 Fabio conheceu uma galera que ja fazia um tributo ao Épica e que ja tinha o nome de Aetherea.
Entre 2019 e 2020 pegaram para gravar a vera e entre indas e vindas e intervalos, do costumeiro Power Metal que ja faziam, com influências de Angra, Blind Guardian e etc, procuraram a partir do autoral serem mais Sinfônicos do que nunca.
Apesar de ter sido gravado entre 2019 e 2020, o disco foi lançado oficialmente em abril/2021 e Jessica Nivus teve que regravar todo o vocal que ja tinha sido gravado pela vocalista anterior. A mesma conta que colocou muita emoção nas gravações, mostrando toda sua identidade em cada canção, pois foi com a Aetherea que ela entrou para gravar de verdade em um estúdio profissional.
Through Infinite Dimensions é um disco incrível com pitadas e influências de bandas de vertentes ora Prog, ora Power, ora lírica, ora gutural, ora tradicional e ora Sinfônico.
Então vamos à estas influências e demais informações…
A primeira faixa é Prelude Origin of the Chaos, uma faixa Instrumental bem interessante, não fica na mesmice costumeira de banda do estilo, parece que é a origem de alguma coisa, menos do caos, origem de alegria, de coisas boas, positivas, uma faixa muito bem construída;
Na seqüência temos Weekend Prophets, uma faixa que lembra uma mistura de Dream Theater com Rush, esta, principalmente a voz, que neste caso é de uma mulher, Jessica Sirius, uma voz bem peculiar e o instrumental é incrível;
Na faixa My Hunter, temos uma pegada bem Stratovarius, se repararmos nos teclados e 2 bumbos, depois partem pra uma coisa mais pra identidade da banda mesmo, com miscelânea operística com teclado. No meio dela, versa um pouco com Nightwish e Raphsody;
A próxima, Memories, é uma faixa à frente do seu tempo que se destaca pelos teclados e guitarras. Há uma parte desta canção em que ela se desconstrói, se fragmenta… e eles fazem isso com maestria lembrando uma banda pouco conhecida mas que é uma referência no que fazerm, Divine Regaly. Esta faixa tem mais de 7 minutos e, praticamente, ja emenda com a próxima, Beyond Hell.
Esta parece ser a mais rápida e mais pesada também. Os teclados é algo incrível, vou escolhê-la como a melhor faixa do disco.
Nela temos a voz meio que “recitada“, um jeito bem peculiar de cantar, acompanhem as letras pelo encarte para vocês entenderem o que eu estou me referindo;
Dance of the Night é uma majestosa balada só com voz, teclados e violão onde ressalta toda a versatilidade da vocalista Jessica Sirius, toda a beleza e a cristalidade da sua voz;
Um detalhe para a faixa Look Into My Eyes: deixaria as vozes um pouco mais alta, pois se não acompanhasse pelo encarte não saberia direito o que estão cantando, independente disso é uma grande canção;
Em Bleeding, outra bela balada, só que desta vez com peso, guitarra, batera e baixo, tudo o que tem direito. Esta música cresce de um jeito incrível, tem partes agudas e graves e, sinceramente, não sei se são Jessica e Rodrigo alternando ou se somente Jessica fazendo estas duas vozes. É uma balada metal mesmo, a outra é balada lírica (Dance of the Night). Destaque para a voz e os teclados;
Face The Lies e a faixa título Forgotten Humanity (Through Infinite Dimensions. PT 1), são as que receberam menos influiências de outras bandas e mostram e ressaltam mais o autoral do Aetherea;
Mais uma balada metal, Faceless Face, que começa somente com voz e teclados, mostrando mais uma vez as habilidades e potencialidade de Jessica, seus dotes vocalisticos e logo em seguida somos arremessados contra a parede, pois a cozinha vem toda em peso, assim como a Bleeding e por fim, finaliza igual ao início, com voz e teclados;
A última faixa, Those Eyes, me lembrou algumas passagens do Angra, semelhante a Unholy Wars/Imperial Crown, lembrança de leve…
Diante de tanta passagens e faixas incríveis, segue um pequeno depoimento quanto às influências da banda:
“Temos muitas influências que vão de heavy metal ao death. Podemos apontar bandas como Kamelot, Angra, Blind Guardian, Epica, After Forever, Within Temptation, Nightwish, Mayan, Cannibal Corpse, Death, etcTudo isso se junta a música clássica, óperas, corais, e aí tem-se a nossa proposta sonora” – Fábio Matos sobre os artistas que mais influenciam o Aetherea.
Arte
O encarte é bem distribuído com todas as letras, fotos, informações de participações especiais (de Marcus Dotta na bateria e Andressa Lé na voz em Forgotten Humanity (Through Infinite Dimensions. PT 1), formação da banda, coros em algumas músicas, produção, agradecimentos especiais, dedicatória. No meio do encarte tem foto dos 5 integrantes com Jessica ao centro, cada letra tem uma imagem a representando, e quando não tem uma uma, há uma foto de algum integrante.
A garota da capa até que se parece um pouco com Jéssica, não sei se é, com uma representação de infinitas dimensões, um busto com cabelo esvoaçado, no tórax tem uma imagem que se parece com um coração pegando fogo, é como se a imagem estivesse se despedaçando, uma computação gráfica muito bem feita.
Parece que Marcos Dota gravou todas as linhas de bateria mas Paulo Lima é quem está no encarte e que talvez tenha sido o baterista na época do lançamento do disco.
Sei que não tem muita importância, mas a ordem das músicas da contra-capa estão diferentes das do encarte, realmente não sei o motivo, se foi algo proposital ou erro mesmo.
As fotos são de Caique Scheffer e Design e arte de Romulo Dias.
No Geral
Claro, a banda tem alguns videoclipes/Lyric Videos, é só dar uma busca na internet que aparecerão e também na net tem a apresentação da banda no Manifesto Pub em São Paulo, mais precisamente em Maio/2022, mesmo sendo um domingo a noite a banda representou com maestria.
Tenho que ressaltar (com louvor!) duas observações neste trabalho único:
Rodrigo Mello! Esse é o cara! O que esse cara faz com os teclados é algo incrível e, percebe-se em cada música, em cada nota, em cada detalhe o quanto esse cara é talentoso e criativo. Se eu tivesse uma banda e estivesse gravando um disco, com toda a certeza o chamaria para gravar os teclados!
Outro ponto de destaque é a voz de Jessica Sirius, que voz! Que potência! As nuances de sua voz que permeia e navega por rios de lembranças de Stratovarius, Rush, Nightwish, After Forever e que, sem percebermos, adentra a pegada da própria banda, do autoral que ressalta e toma as rédeas musicalmente falando.
Que discaço esse!
Bom, pra gente finalizar, tenho que lembrar que o disco foi lançado em 2021, mas que precisava e devia fazer essa resenha (mesmo que um pouco tarde!), visto que a banda sofreu algumas substituições e duas delas foram no final do ano passado com a troca de vocalista, entrando para o time Lucia Ricardo (Avantasia Cover) e o tecladista Fred Vilharba, ficando o time da seguinte forma:
Lucia Ricardo (vocal) (Avantasia Cover), Fabio Matos (guitarra), Leandro Kbz (Baixo), Fred Vilharba (teclados) e Kelvin Alves (bateria).
Lançado em abril/2023, o novo EP com o título “Wheel of Fate” com o seguinte tracklist:
01 – Wheel of Fate
02 – Heal me
03 – Forgotten Name
04 – Gray Face
A arte também foi elaborada pelo artista digital Romulo Dias.
Vão levar, com louvor, 9 brejas “dimensionalmente” geladas.
Músicas
01 – Prelude Origin of the Chaos
02 – Weekend Prophets
03 – My Hunter
04 – Memories
05 – Beyond Hell
06 – Dance of the Night
07 – Look Into My Eyes
08 – Bleeding
09 – Face The Lies
10 – Forgotten Humanity (Through Infinite Dimensions. PT 1)
11 – Faceless Face
12 – Those Eyes
Formação (da época)
Jessica Sirius – Voz
Rodrigo Mello – Sintetizadores, Pianos e Voz
Fábio Matos – Guitarra
Vicki Marinho – Baixo
Paulo Lima – Bateria
NOTA: 09/10