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Quantas vezes já escutamos aquela frase desanimadora “O Rock está morto”? Até Gene Simmons, uma das figuras mais emblemáticas do gênero já ecoou esse pensamento. Aqueles que viveram a época de ouro do Rock, desde a chegada de Elvis Presley até a morte de Kurt Cobain, não conseguem se identificar com a música atual, tampouco aqueles que, embora mais jovens, enxergam uma falta de substancia no cenário musical atual. A verdade é que o mercado de hoje é dominado por artistas “manufaturados”. A imagem deles é o aspecto mais importante e é constantemente produzido e preservado pelas gravadoras atrás das cortinas. A música em si passou a ficar em segundo lugar.

O apelo do Rock n’ Roll sempre foi a espontaneidade. Por anos foi considerado como degenerativo e perigoso justamente por ser imprevisível e por não seguir as normas. É claro que eventualmente o Rock passaria a ser o gênero mais popular do mundo, mas o espírito de autenticidade sempre permaneceu, tanto entre os músicos quanto aos ouvintes. Hoje a história é diferente. As músicas que dominam as paradas são escritas e produzidas meticulosamente por equipes de apoio mantendo em mente o que o público quer ouvir, e o público, em troca, sempre vai atrás da mais nova sensação até o próximo hit sair 15 minutos depois. Hoje é tudo sobre inclusão, as gravadoras e os marqueteiros determinam o que é popular e o público, de uma certa forma, obedece.

Essa foi a principal razão pelo Rock ficar de lado nos últimos anos. O senso de espontaneidade e autenticidade se foi. As bandas que são consideradas Rock hoje em dia tem sua própria bolha com seu próprio público, mas a grande maioria parece igual e ,infelizmente, soam igual. Originalidade não existe mais, e no Rock não é diferente. As bandas Indie acharam uma formula que funcionou e essa formula veem sido repetida por diversas bandas a alguns anos. Embora ainda temos ótimas bandas de Rock com sons únicos, fazia tempo que não se via uma banda diferente estourar. E de repente, surgiu o Royal Blood.

Royal Blood foi formado em 2013 pelo baixista e vocalista Mike Kerr e o baterista Ben Thatcher em Brighton, na Inglaterra. O começo da banda foi marcado por dificuldades, pois passaram-se meses sem sequer conseguirem fazer um único show. A dupla britânica no entanto usou isso para sua vantagem, e dedicaram bastante tempo para desenvolver seu som nos estúdios da Brighton Electric que é considerado um dos melhores complexos de estúdios na Inglaterra, ao lado de Abbey Road. Foi durante esse tempo onde firmaram com a Warner Music e começaram a trabalhar no seu primeiro álbum de estúdio.

Royal Blood foi lançado em 2014 e imediatamente gerou repercussão na Inglaterra. Caracterizado como uma fusão de Blues pesado e uma pitada de Stoner/Psicodélico, o álbum transcendeu além do seletivo grupo de roqueiros e penetrou no mainstream logo de cara. O álbum chegou ao número 1 na Inglaterra e no Top 20 da Billboard. O baixo de Mike Kerr é apontado pelos fãs e pela critica como algo realmente notável – Kerr desenvolveu um som de baixo que engana os ouvintes a pensarem que há um baixo e uma guitarra sendo tocados ao mesmo tempo, quando na verdade não passa de um único baixo e um simples truque de mágica. Kerr substituiu as duas cordas altas com cordas de guitarra e conecta o baixo por um amplificador de guitarra e por um de baixo. Para finalizar, ele tem ao seu alcance uma pedaleira com equalizadores, um pedal harmonizador, um fuzz clássico e um pedal oitavador que acrescenta bastante profundidade ao seu som. Na verdade, não é tanto um truque de mágica, é apenas um jovem e talentoso músico que misturou várias ideias para desenvolver um som único e original; como se fazia nos velhos tempos.

O duo, que por sua vez passou bastante tempo sem conseguir trazer seu som para o público, passou a excursionar em turnê e foi apontada como uma das bandas mais promissoras dos últimos anos. Jimmy Page disse que foi a um dos shows do Royal Blood e ficou abismado pela energia contagiante deles e entregou sua bênção aos rapazes de Brighton. Ser apontado como o futuro do Rock por ninguém menos que Jimmy Page não é um feito a ser desmerecido. Em 2015 foram uma das atrações do Reading Festival de do Rock In Rio, já foram convidados para tocarem em programas como Later.. With Jools Holland e The Jimmy Kimmel Show e recentemente fizeram parte da edição de 2017 do Glastonbury Festival.

Em Junho de 2017, lançaram seu segundo LP, How Did We Get So Dark?. O álbum continua de onde o álbum homônimo deixou. A pegada Blueseira chega a ser mais notável em How Did We Get So Dark? e conta com o mesmo produtor, Tom Dalgety, que também é conhecido por seu trabalho com a banda Ghost. Mais uma vez o álbum foi sucesso de público e critica, chegando ao número 1 na Inglaterra e no Top 25 da Billboard.

Royal Blood é a brecha que o Rock precisava. Além de ser uma excelente banda conseguiram permear o mainstream sem ter que renunciar de sua identidade. Estávamos precisando de uma banda que pudesse carregar a bandeira do Rock e chegar nas rádios e acumular milhões de visualizações no YouTube. O som do Royal Blood é novo, mas com influências de lá de trás, e com isso conseguiram agarrar a atenção dos mais jovens e despertar o interesse da geração mais velha. Uma das características do som do Royal Blood que mais chama a atenção é o fato de que, ao ouvir uma canção deles na rádio, com uma única nota já é possível identificar que são eles. Isso é algo que tem faltado desesperadamente nas rádios de hoje.

Finalmente temos uma banda autêntica fazendo sucesso pelo mundo afora. Esperamos que o Royal Blood inicie um novo “trend” e que sejam os primeiros de muitos a vir.

#RoyalBlood

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