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Foto: Allison Lima

Discriminação, assédio e pagamentos menores são apenas alguns dos fatores que afetam a vida das mulheres no mercado de trabalho. Na indústria da música, não poderia ser diferente, e esse é o assunto que pauta o casal Heitor Alves e Maria Juliana em seu canal no YouTube. À frente da banda pernambucana Casaprima, eles propõem um debate sobre a realidade da mulher no mercado musical, no dia em que se reflete sobre a luta das mulheres por mais igualdade, respeito, liberdade e reconhecimento.

O Dia Internacional da Mulher é o momento perfeito para trazer à tona a influência do machismo no meio musical. “Este dia representa não apenas a mulher em si, mas toda a trajetória da mulher em busca de seu reconhecimento social. Representa as superações de tantos obstáculos e a persistência para conquistar o que ainda falta. Nós sabemos que a sociedade machista estabeleceu-se de forma muito sólida desde muitos séculos atrás. As mulheres, então, tiveram que lutar pelo seu espaço, pelos seus direitos. É um dia para lembrar que ainda há muito a ser feito para que a igualdade entre os gêneros seja plena em nossa sociedade”, explica Maria, que é uma das vozes da Casaprima, além de ser tecladista da banda.

A ideia por trás do canal é usar essa vivência musical para falar sobre a realidade da cena independente brasileira, além de refletir sobre questões que envolvem a criatividade artística e a parceria do casal, responsável pela gestão da banda. Vindos de um background de teatro, Heitor e Maria uniram forças em um trabalho autoral feito de forma completamente independente. A realidade do músico é só um dos temas a ser abordado no canal. A ideia é abrir a pauta para assuntos mais gerais e que possam interessar o público. O objetivo é construir o diálogo com quem assiste e a partir daí compartilhar conceitos inerentes à música da Casaprima: carinho, amor e respeito.

O tema abordado nessa semana vai ao encontro dessa proposta. “Escolhemos falar de machismo no Dia Internacional da Mulher justamente porque achamos que o melhor que podemos fazer para homenagear as mulheres não é colocar uma mensagem bonita com uma música romântica. O melhor que podemos fazer hoje é levantar essa bandeira, pela luta de uma sociedade mais harmoniosa. Aumentar esse diálogo é uma forma de, aos poucos, levar mais pessoas à reflexão. Além disso, raramente eu percebo homens abordando o machismo. Penso que eu falar o que eu penso, o que eu já sofri e fiz sofrer pode abrir os olhos de muitos caras, que assim como eu, não se enxergam como opressores, mas às vezes, com inocência e sem intenção, fizeram o dia de alguma mulher um pouco mais triste. Queremos que isso seja amenizado”, reflete Heitor, também vocalista e responsável pelo violão e pela gaita na Casaprima.

O debate gira em torno das experiências vividas por Maria, embora a cantora e instrumentista acredite que os aspectos positivos da profissão superam os negativos. Ela conta que, em muitas ocasiões, não foi vista como integrante da banda por parte de produtores e técnicos de som, e que percebe um comportamento sexual direcionado a ela, o que não acontece com os outros integrantes. Para integrar a Casaprima, que completa seis anos de existência este mês, Maria explica que teve de se provar e mostrar que merecia estar em uma posição de liderança.

Por isso, o duo incentiva às mulheres a debaterem com homens e entre si situações onde se sentem diminuídas ou mesmo assediadas. Segundo eles, esse é o caminho para educar toda a sociedade sobre pequenos atos que, se antigamente eram socialmente aceitos, hoje não condizem mais com uma sociedade em busca de estabelecer uma igualdade de gênero.

“Acredito que o importante é mostrar, através das vivências das mulheres e suas histórias, que não há mais espaço para o machismo em nossa sociedade. Pensamentos machistas que outrora fizeram parte dos conceitos, tanto de homens, como de mulheres, já não condizem mais com a realidade na qual vivemos. E sabemos que estamos inseridos em uma cultura onde muitas vezes, agimos sem ter plena consciência do que estamos fazendo. Hábitos antigos que hoje já não tem mais significado, como por exemplo, utilizarmos a frase “bate feito homem”, para descrever uma tamanha intensidade de força. Acredito que estamos passando por uma ressignificação de muitos conceitos e, realmente, leva tempo até que todos nós consigamos compreender as mudanças. É importante também o compartilhamento de histórias para que homens e mulheres machistas percebam quais de suas atitudes machucam e possam mudar velhos hábitos para que todos sintam-se parte de uma sociedade igualitária”, explica a cantora e tecladista.

Assista ao vídeo:

Assista o clipe de “Devagar”: https://youtu.be/VImhDgzBbDw

Confira o álbum “Andarilho”:

Spotify:
https://play.spotify.com/artist/0c4r4tli0FiknypcAygPZQ

iTunes:
https://itunes.apple.com/us/album/id1070206721

Deezer:
http://www.deezer.com/album/12033414

 

Fonte: Build Up Media

By Henrique Carnevalli

Viciado em música, Pirado na fase psicodélica do Ronnie Von e Corinthiano. Lupúlomaníaco e Beer Sommelier formado no ICB.

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