No mês que faz 49 anos que foi ao ar o primeiro programa da Jovem Guarda, vamos falar um pouco deste movimento que mudou a música nos anos 60.
A Jovem Guarda começou em agosto de 1965 com o programa criado na TV Record e apresentado por então Roberto Carlos, com a ajuda dos eternos amigos Erasmo Carlos e Wanderléa, a nova onda transformava a música em linguagem, moda e comportamento, é considerado um dos fenômenos nacionais no século XX.
Erasmo Carlos, Wanderley Carsoso, Eduardo Araujo, Martinha, Wanderléa e Roberto Carlos
Naquele ano, o auge do Beatles teve grande impacto no movimento, aonde colocou a música brasileira em sintonia total com o rock internacional na época. Claro que a “tropa” Jovem Guarda não estava sozinha, tinha um grupo que era convidados constantes nos programas e levava o nome Brasil a fora, são eles; Eduardo Araújo, George Freedman, Wanderley Cardoso, Sérgio Reis, Sérgio Murilo, Arthurzinho, Ed Wilson, Jerry Adriani, Evinha, Martinha, Lafayette, Vanusa, além de bandas como Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, Leno e Lílian, Deny e Dino, Trio Esperança, Os Incríveis, Os Vips, The Fevers e Ronnie Von.
Programa Jovem Guarda – TV Record
A criação do programa foi por conta da proibição das transmissões do futebol aos domingos, os idealizadores se inspiraram na frase do revolucionário russo Vladimir Lenin, “O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada”.
O fenômeno claro, arrastou multidões, lotou o programa fazendo os três principais integrantes como ídolos da geração “Jovem”, designados como “Iê-Iê-Iê” em alusão as canções dos Beatles, tanto que quando lançado o filme do fab four no Brasil, foi chamado “Os Reis do Iê-Iê-Iê” graças a “Jovem Guarda”.
Como todo movimento nunca é aceito pela sociedade, surgiu muitas críticas principalmente pela “elite Bossa Nova” e depois as canções de protestos de festivais de MPB, que considerava a música alienada, mas claro que foram muito erradas já que isto era um “movimento rebelde” aonde eles cantavam e tocavam um estilo que era estrangeiro e não aceito pela sociedade ufanista brasileira, o rock n roll. Um dos fatos mais curiosos, foi o uso constante da guitarra elétrica, e era ainda mais mal visto na época, justamente por ser um instrumento estrangeiro, chegaram até fazer uma campanha contra a guitarra elétrica nos anos 60, se eles tivessem tocando esta guitarra, estariam desafiando o sistema, com isso, a alienação do movimento nunca existiu.
Com a ajuda do programa que não para de crescer, ajudou muito a vender discos, roupas e outros acessórios. O estilo que era usado na época (calças colantes de duas cores em formato boca-de-sino, cintos e botinhas coloridas, minissaia com botas de cano alto) e suas “gírias” da época (“broto”, “carango”, “legal”, “coroa”, “barra limpa”, “lelé da cuca”, “mancada”, “pão”, “papo firme”, “maninha”, “pinta”, “pra frente”, e a clássica “é uma brasa, mora?”) era uma febre entre os adolescentes.
Mas um dia o movimento começou a ter seu reinado cair, já que em 1968, Roberto Carlos deixou o programa e seguiu em frente em sua carreira solo, isso afetou muito o programa, já que ele era o principal ídolo e obrigou a TV Record retirar o programa, e foi aos poucos desaparecendo o movimento no final da década de 1960.
Os artistas da “Jovem Guarda” após o fim do programa, tiveram seguimentos bem diferentes da época, o “tremendão” Erasmo Carlos, Os Incríveis e Eduardo Araújo continuaram com o Rock, Sergio Reis foi para o sertanejo e muitos deles foram para o estilo “romântico” que estava em alta na época, como Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Reginaldo Rossi que era líder da banda The Silver Jets durante a Jovem Guarda e Ronnie Von que logo teve seus “desvios” e fez os três discos mais importantes do Rock Psicodélico no Brasil (Ronnie Von – 1968, A Misteriosa Luta do Reino do Parassempre Contra o Império de Nunca Mais – 1969 e A Máquina Voadora – 1970), nos quais, quase afundou a carreira do músico por ser “rebelde” demais para a época.
Ronnie Von e Roberto Carlos, músico dizia que as canções do príncipe era a preferidas dele.
Quatro décadas se passaram e a Jovem Guarda é considerada um dos movimentos importantes da música no Brasil, a “era ouro” de onde surgiu grandes músicos e permanecem até hoje.
(Pagina Arquivo Eterno)