Em 3 de dezembro de 2015, o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard completará 85 anos de idade. Durante 43 dias, de 21 de outubro a 2 de dezembro, a “Retrospectiva Jean-Luc Cinéma Godard”, uma mostra completa que exibirá todas as obras do diretor nos CCBBs de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e no CineSesc.
Realizada pelo CCBB, produzida pela Heco Produções, com o patrocínio do Banco do Brasil, a mostra contempla a produção do cineasta em seus mais de 60 anos de carreira, com a exibição de 104 obras vindas da França, entre longas, médias e curtas-metragens, séries televisivas, filmes publicitários e vídeo-cartas, as quais exploram os temas mais variados realizados pelo diretor.
A “Retrospectiva Jean-Luc Cinéma Godard” vai apresentar nas três unidades do CCBB (RJ, SP e DF) duas raridades da filmografia do cineasta: uma reconstituição que Godard realizou do longa-metragem “esquecido” “Salve a vida (quem puder)” e um episódio abandonado de “Seis vezes dois”, obras exibidas pouquíssimas vezes que serão trazidas pelo professor inglês Michael Witt, diretor do centro de pesquisa em filmes e cultura audiovisual da universidade de Roehampton, Londres, e autor de Jean-Luc Godard, Cinema Historian (Indiana University Press, 2013) e co-editor de Jean-Luc Godard: Documents (Éditions du Centre Pompidou, 2006). Além de apresentar os filmes, Witt também fará uma palestra em cada unidade do CCBB.
“Ao trazer obras nunca exibidas no país, a homenagem pretende inaugurar uma nova perspectiva de debate nacional em relação à filmografia do cineasta, referência para diretores de várias gerações e nacionalidades”, afirma o curador da mostra, Eugenio Puppo.
Paralelamente à exibição dos filmes, a Mostra também realiza, no dia 14 de novembro, mesas de debate em todas as praças. E nos dias 5 e 6 de novembro, cursos e palestras com convidados nacionais e internacionais. Os debates, cursos e palestras são gratuitos.
No CCBB-RJ, o debate é com Ruy Gardnier, fundador da revista eletrônica Contracampo, ex-professor de linguagem cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, crítico de cinema de O Globo e colaborador da revista Paisà e José Carlos Avellar, autor de seis livros ensaísticos sobre cinema, co-autor de dezenas de trabalhos sobre o cinema brasileiro e latino-americano, entre eles “Le Cinéma Brésilien” (Centre Pompidou, Paris) e “Hojas de Cine” (Universidad Autonoma Metropolitana, México); Luís Rocha Melo, professor do curso de cinema da UFJF e redator da revista de cinema Contracampo, de 2001 a 2013, ministra um curso que propõe uma abordagem sobre a recepção de sua obra no Brasil, particularmente pela crítica e pelo meio cinematográfico.
Além da exibição de filmes e debates, a mostra também lançará um catálogo de 304 páginas com textos inéditos e um artigo crítico para cada uma das 104 obras de Godard. Além de pesquisadores brasileiros, contribuíram para o livro especialistas internacionais, como Cyril Beghin, integrante do comitê de redação dos Cahiersducinema; David Faroult, cineasta e professor de pesquisa em cinema na Université Paris III; Dario Marchiori, conferencista em História das Formas Fílmicas na Université Lyon 2, e da professora e autora Céline Scemama.
O catálogo contará ainda com seis ensaios escritos por: Alain Bergala, professor da Université Paris III – Sorbonne Nouvelle, colaborador da revista Cahiersducinéma e autor de Jean-Luc Godard par Jean-Luc Godard e Godard autravail; Raymond Bellour, professor da Université Paris III – Sorbonne Nouvelle e coautor de Jean-Luc Godard: Son + Image; Nicole Brenez, autora do livro Cinéma/Politique; o professor e doutor Mateus Araújo; Michael Witt, autor de Jean-Luc Godard, Cinema Historian e o professor e crítico Ruy Gardnier.
Jean-Luc Godard
Jean-Luc Godard passou a infância e juventude na Suíça. Em 1952, tornou-se colaborador da revista francesa Cahiers du Cinéma e, durante este período, realizou cinco curtas-metragens.
No final da década de 1950, junto com François Truffaut e Claude Chabrol, Godard formou o triunvirato central da Nouvelle Vague, movimento cinematográfico francês que mudou a história do cinema. Em “Acossado” (1959), seu primeiro longa-metragem, já é possível observar procedimentos fundamentais para toda sua obra, como a desconstrução do enredo tradicional.
Ao final da década de 1960, junto ao intelectual Jean-Pierre Gorin, fundou então o grupo Dziga Vertov. O coletivo realizou, entre outras obras, “Vento do Leste” (1969), “Lutas Ideológicas na Itália” (1970) e “Vladimir e Rosa” (1970).
Os anos entre 1975 e 1980 foram marcados pelo experimentalismo com o vídeo e com a televisão. Godard e sua mulher, Anne-Marie Miéville, produziram duas séries no período: “Seis vezes dois: sobre e sob a comunicação” (1976) – doze episódios de 50 minutos cuja primeira parte é um ensaio crítico e a segunda é constituída por entrevistas feitas por Godard com personalidades diversas – e “France tour détour deux enfants”(1979), série em que Godard e Miéville continuam seu percurso em direção a uma posição crítica da comunicação, tomando emprestado os códigos da gramática televisual – reportagens, chamadas de matéria, entrevistas, clipes –, criando uma espécie de antitelevisão.
“Salve-se quem puder (a vida)” (1979) marcou o retorno de Godard para ficção narrativa e o cinema. A partir de então, o cineasta realizou filmes como “Carmen de Godard” (1983) e o polêmico “Eu lhe saúdo, Maria” (Je vous salue, Marie, 1985), censurado no Brasil e em diversos outros países.
A partir de 1988, a produção de Godard ganhou um caráter mais retrospectivo. A fase culminou em “História(s) do cinema”, obra em oito capítulos, que reflete a história do cinema através de seu próprio meio.
Mesmo com a idade avançada, Godard não deixou de produzir e inovar. Em 2010, lançou o longa “Filme Socialismo” e, em 2014, “Adeus à Linguagem”, obra que trabalha o 3D de maneira original, não só em relação aos seus filmes anteriores como a todo o cinema que o precede.
Serviço – “Retrospectiva Jean-Luc Cinéma Godard”
Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro
Data: De 21 de outubro a 30 de novembro de 2015
Horários: Consultar grade de programação
Abertura do local: 15 minutos antes da sessão.
Local: Cinema I do CCBB-Rio
Endereço: Rua Primeiro de Março, nº 66 – Centro – Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia-entrada*), na Bilheteria do Centro Cultural Banco do Brasil. * vendas 1 hora antes da sessão. *
Estudantes, Metro Rio, Sesc, assinantes O Globo, funcionário e cliente BB, Professores da Rede Pública do Município do Rio de Janeiro e maiores de 60 anos são beneficiários de desconto de 50%. A venda de meia-entrada é direta, pessoal e intransferível e está condicionada ao comparecimento do beneficiário aos pontos de venda, munido de documento original que comprove condição prevista em lei. É obrigatória a apresentação dos documentos também na entrada da sessão.
Formas de Pagamento: Dinheiro e cartões Mastercad, Redeshop e Visa
Funcionamento da Bilheteria: De quarta a segunda, das 9h às 21h
Capacidade da Sala: 98 lugares + 3 para cadeirantes
Tel para informações: (21) 3808-2052
Acesso para pessoas portadoras de necessidades especiais e cadeirantes.
Patrocínio: Banco do Brasil
Fonte: Ciranda