Eu ouvi “Dream Theater brasileiro“?
E porque não?
Para alguns, realmente eu posso estar exagerando um pouco na simples citação dessa banda que é uma referência de som progressivo e o que a banda Boituvense Devachan tem a ver com isso? Justamente tem tudo a ver! Ao ouvir seu disco Regeneração, algumas passagens de suas músicas me fizeram lembrar deles. A diferença é que eles são
Tupiniquins, o que nos orgulha muito, e o Dream Theater não!
Naturalmente devemos respeitar as devidas proporções mas são tão incríveis quanto!
Devachan é uma banda do interior Paulista, mais especificamente de Boituva, com o seu metal progressivo poderia muito bem ser um projeto instrumental que também ia vingar sem problema algum, assim como Freakeys, Mobilis Stalibis, etc.
Me fez lembrar de bandas de metal nacional doas anos 80, porém raramente naquela época ouvia-se bandas progressivas com um som tão bem gravado e ímpar como este! As músicas deste disco estão com uma nova roupagem já que elas sempre eram apresentadas, pelo pai Daniel Dias, no violão.
Senti falta de um pouco mais de harmonia entre a voz e o instrumental, é como se em alguns momentos cada um fosse para um lado, cada um tomasse um rumo diferente.
Em algumas músicas a voz se harmoniza um pouco mais com o instrumental resultando em algo muito bom, porém em outras a voz rasgada não soa tão bem, variando entre grave e muito pouco agudo.
Pensei muito em um híbrido de duas bandas nacionais: Salário Mínimo e o Khallice: pensei se as “linhas de voz” seguissem como China Lee (Salário Mínimo), o resultado poderia ficar mais “primoroso” já que a banda canta em português e isso faz toda a diferença.
E com relação ao Khallice, achei o som do Devachan bem próximo ao deles e também se as “linhas de voz” seguissem as nuances de Alírio Netto em seu disco de estreia (Journey) também o resultado pudesse ser bem mais interessante.
Ressalto que independente de qualquer coisa, a banda une muita coisa boa e dentre as principais podemos destacar: heavy metal cantado em português e em família, até porque 3 dos 5 integrantes são da família “Dias“.
Há 20 anos, o embrião da banda surgia nas composições que o “pai da banda” escrevia.
Anos mais tarde, mais especificamente em 2010 os irmãos Gabriel e Leandro decidiram oficializar como banda.
Um EP de 2013, intitulado Andarilho, compreendeu 6 destas faixas escritas há 30 anos e seu sucessor Regeneração de 2019, motivo deste review, possuem algumas destas sobras com uma roupagem totalmente contemporânea, com uma textura mais concisa somadas às novas composições dão um ar mais “contemporâneo” neste registro incrível.
E por qual motivo cantar em português?, como o próprio Daniel nos esclarece:
“Decidimos mantê-las em português para que qualquer pessoa possa entendê-las e sentir seu significado“.
O título do disco, Regeneração, aborda a reforma interior em suas diversas vertentes como raiva, alegria, ansiedade, também vivificadas por alguns dos integrantes da família Dias estão presentes no disco de alguma forma.
O disco retrata uma fusão de emoções presentes em todos nós como nossa reforma interior.
Arte
A capa, assim como o encarte, muito bem feito, retratando uma carruagem levando “algo muito importante” que chega a emitir feixes de luz, gerando um clarão!
No encarte temos todas as letras, bem como informações técnicas, agradecimentos, formação da banda, estúdio de gravação, masterização e etc.
Senti falta de uma foto dos integrantes, vale a dica para os próximos trabalhos!
No Geral
“Regeneração“, “Um Sonho?“, “Loucuras, Guerras e Poesias“, além das músicas de introdução e finalização do disco são as minhas preferidas, porém todas, todas sem exceção, merecem serem ouvidas com atenção, pois são músicas incríveis, com um instrumental incrível e com letras diretas.
Não desmerecendo os outros músicos e seus instrumentos, porém dois deles e seus instrumentos merecem destaque: os teclados ficaram incríveis neste disco, preencheram as lacunas com perfeição e maestria além de minuciosamente dar um ar mais limpo ao som da banda e, por último e não menos importante: a incrível bateria neste disco é tocada
com técnica e perfeição incríveis. É algo absurdo! E foi por este motivo que no começo deste review eu comentei que esta banda poderia ser um projeto instrumental que também iriam se dar bem!
Gostaria de destacar que quem gravou toda a bateria do disco foi o incrível Thiago Zico Teixeira, porém Alexandre Galvão é o baterista oficial da banda.
Isto só mostra o quanto existem músicos brasileiros extremamente talentosos não devendo nada à músicos estrangeiros.
Vale a pena ressaltar que algumas coisas ainda funcionam no país, pois este disco foi financiado pela Lei de Incentivo à Cultura (LINC) de Boituva/SP!
9 é a minha nota para este disco incrível! Vale à pena lembrar que também estão em votação para concorrer aos melhores de 2019! VOTEM O QUANTO ANTES!!! (clique aqui)
Formação
Gabriel Dias – Vocal
Leandro Dias – Guitarra
Daniel Dias – Baixo
Michael Santos – Teclados
Alexandre Galvão – Baterista oficial
Thiago Zico Teixeira – Bateria apenas na gravação do álbum
Track List
01.Domain Principia Inferiorum
02.Regeneração
03.Jogo da Vida
04.Um Sonho?
05.Loucuras, Guerras e Poesias
06.Devachan
07.Olho Por Olho…
08.Caminho do Medo
09.Eis A Questão
10.Punctus Contra Punctum
NOTA –