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Gosotsa

Estamos de volta! Depois de 1 ano parado sem entrevista, voltamos com a edição #49 com o grupo Gosotsa!

O grupo contou sobre os seus primeiros trabalhos, teatro, poesia, literatura, artes plásticas e, claro, sobre cerveja.Bora ler?

Fizemos o review do disco “O Sol Tá Maior III”, pode-se dizer que ele é um disco à frente do seu tempo?

Élitra: Com certeza, e eu diria mais, com o restante dos trabalhos paralelos do Gosotsa, representa uma das obras mais completas em termos de abrangência artística já produzidas.
Drannath: Aliás, bela resenha!!! Já eu acho que não está à frente do seu tempo, creio ser este o momento certo dele, o que eu acho é que o mundo que está atrasado, parado no tempo. Desde a virada do milênio não houve uma transformação substancial do que veio antes, como ocorreu nas décadas passadas. Já está mais do que na hora de “O Sol Tá Maior III”!

Qual é a “cereja do bolo” de cada um dos discos da trilogia “O Sol Tá Maior I, I e III”?

Drannath: A cereja de cada um é a sua personalidade. Cada um tem sua linguagem particular, sua estética, sua pegada, e nada se repete entre um e outro, muito menos se repete com o que já aconteceu no rock e no mundo.

O Sol Tá Maior III (2018)

Das bandas e artistas atuais, qual(is) merecem atenção?

Drannath: Gostei muito do disco Cortes Curtos, de Kiko Dinucci. Tem uma banda relativamente atual (acho q acabaram há uns 2 anos) que se chama Passo Torto que acho interessantíssima (inclusive, descobri recentemente que o Kiko fez parte dela. Gostei muito também do último disco do Bowie, Blackstar. De resto, nada de novo q eu ouço me impressiona… tudo parece mais do mesmo sempre, está difícil garimpar coisas novas realmente impressionantes.

Nos dias de hoje o que vocês acham que falta para as novas bandas? O que pode-se observar de errado nas nelas e como reverter este quadro?

Drannath: Eu acho que falta coragem, ousadia. Nunca esteve tão sufocante a pasteurização e a ortodoxia em todas as formas musicais. Ainda mais nestes tempos de curtidas, joinhas. Vejo uma preocupação excessiva em agradar, em não questionar nada para não chocar (em termos estéticos principalmente), e todo o mercado conspira a favor desta padronização. A primeira pergunta que as casas de show ou selos/gravadoras fazem para as bandas é “mas a banda é de quê? Parecem com quem? Qual a referência?”. No caso do Gosotsa, vou responder o quê? Falo que é de vanguarda, e o que acontece? Não conseguimos o espaço para tocar. Daí vira um círculo vicioso, e este círculo está matando o rock.

Élitra: Como é trabalhar com Drannath? Drannath: Como é trabalhar com Elvis?

Élitra: Eu particularmente nunca havia trabalhado com alguém que me deixasse tão à vontade e confortável em termos de composição, pegada, estilo de tocar e estilo de vida num geral como o Drannath. Quando ele precisava de algo específico para determinada passagem, era muito fácil compreendermos o que cada um queria e como fazer isso. Fora a paciência toda dele quando eu precisava faltar em ensaios, mixes, encontros e tal, acho que o mais importante foi ele nunca ter desistido de mim e sempre ter dado conselhos valiosíssimos.

Drannath: É muito fácil trabalhar com o Élitra. Ele é sensível, domina o instrumento e é inteligentíssimo, compreende perfeitamente o que é preciso para cada passagem de música, a criação flui fácil com ele, não me lembro de nenhum episódio de engasgo, tipo “e agora, o q a gente faz?” sem solução. Fora que somos brothers né, conversamos muito sobre tudo. Eu amo este cara!

“Mudar o Mundo”, para alguns é algo bem ambicioso e muito distante de sua realidade, como alcançar este objetivo natural e verdadeiramente?

Drannath: Sendo autêntico, estudando, trabalhando duro e, sobretudo, não tendo medo da rejeição. Ser a vanguarda é muito lindo SE a consagração é conquistada. Até lá, vai tomar muita porrada, vai ter muita porta na cara, talvez só tenha reconhecimento só após a morte, talvez nunca. Lidar com essa possibilidade é difícil e é isso que desencoraja a todos os possíveis talentos de vanguarda de acontecer, afinal, todo mundo quer se dar bem, viver da sua arte. Eu também quero, é óbvio, mas o objetivo maior tem que ser, a meu ver, produzir uma obra de qualidade e, se o reconhecimento vier, ótimo. Apesar de não ter todo esse reconhecimento ainda, eu já considero nossa carreira vitoriosa, pois olho nossa obra e fico satisfeitíssimo com o resultado. Eu me consideraria fracassado se, depois de tanto fazer, eu olhasse para as obras e achasse tudo uma merda, ou mesmo se tivesse feito sucesso com uma obra patética, como a dos sertanejos. Pelo contrário, modéstia à parte, olho para o que já fizemos e vamos fazer e só vejo obras-primas hahaha

Teatro, poesia, literatura, artes plásticas, diante de um leque enorme de opções e possibilidades, qual você se sente melhor, mais à vontade em realizar?

Drannath: Sei lá, cada uma delas tem suas dificuldades e facilidades… acho que depende de época, de momento. Sou um cara que se entedia rápido, então preciso sempre fazer algo diferente, e as coisas vão saindo naturalmente.

Arte Olhar Pavimentado

No mundão cervejeiro, quais estilos de cerveja que vocês gostam?

Drannath: Como não consumo bebida alcoólica, eu vou passar o bastão pro Élitra.

Élitra: Meu estilo favorito é a Weissbier. Não muito atrás a Witbier. Sou apaixonado pelo sabor das cervejas de trigo. A minha favorita é a Maisel’s Weisse, difícil de encontrar, mas outra que gosto muito é a clássica Franziskaner, me traz excelentes lembranças de Munique. Mas também sou bem adepto das Golden Ale, bem balanceadas em amargor e corpo, Red Ale também agrada, são bastante fortes, e devem ser apreciadas bem devagarzinho. Em geral, eu gosto e aprecio a maioria das cervejas. Só não sou muito fã das IPA, perturbam um pouco meu paladar, já as APA são um pouco mais agradáveis.

Se o Gosotsa tivesse uma cerveja, qual o nome e estilo que ela seria?

Élitra: Provavelmente seria uma cerveja escura, de corpo bem acentuado, e de amargor controlado, deixando algum retrogosto frutado. Eu batizaria de Disruptiva.

Vocês geralmente vão a festivais cervejeiros no país? Qual o que vocês mais gostaram?

Élitra: Não temos o hábito. Gosto de comprar/encomendar uma variedade boa e curtir em casa. Mas com certeza precisamos ir ao Oktoberfest de Blumenau! Tive a sorte de estar em um congresso em Munique que começou logo após o último dia do Oktoberfest de lá.

Uma cerveja que vocês gostaram e recomendam:

Élitra: Aos ousados: Bernard vermelha. Aos que encontrarem: Maisel’s Weisse. Suavidade e sabor: Hoegaarden. Aos que buscam algo clássico: Hacker-Pschorr kellerbier.

Rock + Breja, o que faz você pensar nessa combinação?

Élitra: Eu acho duas coisas inseparáveis. Salvo raras exceções que envolvem estilo de vida, sempre vai existir a breja certa para ouvir o rock certo.

Uma mensagem final aos fãs do Gosotsa aqui em nosso site:

Drannath: Valeu galera! Estamos gravando disco novo, em breve estará no mundão para apreciação sem moderação! Obrigado também ao site RockBreja pela oportunidade. Acessem nossas redes sociais, e compartilhem nosso conteúdo, se assim quiserem. Ah, bebam água! hahahaah

Instagram: https://www.instagram.com/gosotsa/
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Entrevista realizado por Alex Silva e Henrique Carnevalli
Agradecimentos: Rômel Santos (Island Press)

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