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Imagem: Reprodução YouTube

A lei da Pureza Alemã ou no alemão Reinheitsgebot (se diz Rine-hites-ge-boat), fez todo cervejeiros ficarem de cabelo em pé naquele fatídico dia 23 de Abril de 1516 aonde foi promulgada pelo duque Guilherme IV a nova lei aonde se podia utilizar somente os ingredientes água, malte e lúpulo na cerveja e nada mais.

Guilherme IV da Baviera
Guilherme IV da Baviera

Naquele mesmo período, a cerveja estava sendo utilizadas outros tipos de ingredientes como cal e fuligem aonde além de ficar diferente, daria uma ressaca pesada no dia seguinte. Outro item muito usado antes do lúpulo é o “gruit”, uma mistura de ervas que dá o aroma para a cerveja, também violentamente barrada pela lei criada pelo duque Guilherme IV, aonde as cervejarias deveriam fazer cervejas iguais em todos os lugares da Baveria.

A nota sobre a lei da pureza alemã:


Proclamamos com este decreto, por Autoridade de nossa Província, que no Ducado da Baviera, bem como no país, nas cidades e nos mercados, as seguintes regras se aplicam à venda da cerveja:
Do dia de São Miguel (29 de Setembro) ao dia de São Jorge (23 de abril), o preço para um Litro ou um Copo, não pode exceder o valor de Munique do pfennig.
Do dia de São Jorge (23 de Abril) ao dia de São Miguel (29 de setembro), o litro [nota: uma unidade equivalente ao atual litro] não será vendido por mais de dois pfennig do mesmo valor, e o copo não mais de três Heller (Heller geralmente é meio pfennig).
Se isto não for cumprido, a punição indicada abaixo será administrada.
Se todo cervejeiro tiver outra cerveja, que não a cerveja do verão, não deve vendê-la por mais de um pfennig por Litro.
Além disso, nós desejamos enfatizar que no futuro em todas as cidades, nos mercados e no país, os únicos ingredientes usados para fabricação da cerveja devem ser lúpulo, malte e água.
Qualquer um que negligenciar, desrespeitar ou transgredir estas determinações, será punido pelas autoridades da corte que confiscarão tais barris de cerveja, sem falha.
Se, entretanto, um comerciante no país, na cidade ou nos mercados comprar dois ou três barris da cerveja (que contém 60 litros) para revendê-los ao vendedor comum, apenas para este será permitido acrescentar mais um Heller por copo, do que o mencionado acima. Além disso, deverá acrescentar um imposto e aumentos subsequentes ao preço da cevada (considerando também que os tempos da colheita diferem, devido à localização das plantações).
Nós, o Ducado da Baviera, teremos o direito de fazer apreensões para o bem de todos os interessados.


 

Porém outro ingrediente que foi muito requisitado pelos povos da Baviera foi o trigo, aonde era uma cerveja diferente e muito apreciada pela população e ainda de produção baixa que afetava muito a produção da cevada para as Pilsen. Mas claro que o duque não iria deixar barato e ainda era uma das inspirações para a criação da lei. Porém a cerveja de trigo só era consumida para quem tinha o “sangue azul” e a população mais pobre se contentava com a “cevada”.

Mas e claro que isso não iria durar muito tempo, um ano e meio depois em 31 de Outubro de 1517, Martinho Lutero trouxe 95 teses e divulgadas nas porta das igrejas (local aonde era bem utilizado como fábrica das cervejas na época) a nova reforma e deixando a Europa em total discussão.

Porém, 499 anos  depois, a lei que não é mais ficou a critério para todas cervejarias da Alemanha a seguir ou não com as regras, porém muitas ainda seguem “a risca” como a Hofräuhaus de Munique e seus 400 anos de história trazendo uma das mais saborosas cervejas seguindo a “pureza” na produção. Aqui no Brasil, tem algumas cervejarias que seguem a lei da pureza alemã em alguns de seus rótulos, como  a Bamberg, Abadessa e a Colorado com os rótulos Caium e Appia (porém estas duas que contem ingredientes diferentes e não de acordo com a lei, mas a essência é com os principais itens da cerveja).

Com a grande cartela de estilos e inovações dos ingredientes das cervejas e as premiadas nos Festivais em todo o mundo, pode até ter aquele toque da “Lei da Pureza” mas acaba se diferenciando com as criatividades nas produções. A Lei da Pureza foi benéfica para trazer qualidade no que foi consumido mas que não precisa ser seguido sempre a risca já que iria ser um mundo ainda mais do estilo “Lager” como conhecemos nos dias de hoje.

Vida Longa a Cerveja!

Cheers!

 

#Reinheitsgebot

 

Fonte: Wikipedia, Livro “Cervejas, Brejas & Birras” – Mauricio Beltramelli (Editora LeYa)

By Henrique Carnevalli

Viciado em música, Pirado na fase psicodélica do Ronnie Von e Corinthiano. Lupúlomaníaco e Beer Sommelier formado no ICB.