Nosso sétimo ROCKBREJA + PROSA veio mais uma vez em dose dupla! Conversamos com o baterista e guitarrista da banda ODUM, Gus Conde e Tadeu Neto. Com uma prosa bem descontraída, eles falaram um pouco sobre a nova fase da banda, influências e suas preferências no mundo cervejeiro. Confiram!!!
Formado originalmente em 2005 em Los Angeles (Estados Unidos) pelo baterista e palestrante santista Gus Conde, ODUM se mudou recentemente para o Brasil para gravar o novo material com uma formação 100% brasileira. A banda está finalizando seu terceiro álbum, enquanto agenda algumas datas pelo Brasil para promover a “New Earth Tour 2014”.
Em 2005, a banda lançou sua primeira demo com 4 músicas produzidas por Steve Tushar (Korn), incluindo o então guitarrista Diego Verduzco, atualmente no Ill Niño, na formação original.
ROCKBREJA: Qual o significado do nome ODUM?
Gus: Odum vem de Olodumare, que vem do Candomblé, que seria similar ao Big Bang, a explosão que criou o mundo, que separou o dia da noite, que criou o conceito de tempo e espaço. Só diminuímos o nome para Odum.
ROCKBREJA: Quais são suas influências para compor as músicas da banda?
Gus: Com certeza, minha maior influência para as composições são as experiências de vida, e acabo por conseguir me expressar de uma forma única musicalmente, que representa o melhor jeito de expressar minhas influências, melhor do que palavras.
Existem temas para todas as composições, e os temas são em grande parte influenciados por livros e estudos filosóficos, sempre com uma mensagem de força e determinação, e autoconhecimento. As músicas, de uma forma geral, complementam umas às outras, conectando musicalmente todas as vertentes de influências em uma coisa só.
Fora a influência das experiências de vida. Acredito muito no ‘feeling’ quando estamos compondo, como se tudo aquilo que você ouviu musicalmente até o dia de hoje se condensasse e canalizasse em uma coisa só, e então você acaba criando o “seu som”. Acredito que seja isso que faz uma banda ter um som único, evitando ser apenas uma cópia de outra banda.
Tadeu: Minhas influências são os sentimentos, as experiências, os pensamentos. Música é sentimento puro, e música boa é aquela que você se identifica de alguma forma, que arrepia todos os pelos do seu corpo e que tem algum significado que some algo na sua vida. Minhas composições são baseadas no ‘feeling’, não tenho dúvidas quanto a isso.
ROCKBREJA: Gus, você teve trabalhos em destaque com artistas bem variados no mundo da música como Rihanna, Megadeth, Billy Idol, entre outros. Como foram estas experiências?
Gus: Definitivamente, todas essas experiências moldaram o profissional que sou hoje. Eu tive chance de trabalhar “por trás das cortinas” e acompanhar todo o circo do showbiz. Felizmente, essas experiências me deram muita bagagem e nome no mercado internacional, foram experiências que nenhum dinheiro paga, e nenhum curso ou faculdade ensinam. Só vivendo isso no dia a dia mesmo, então me considero abençoado por ter tido a chance de poder viver tudo isso por anos no exterior. Existem muitos mitos por trás do showbiz, que a grande massa acredita, e eu pude de fato vivenciar o que é realidade, o que é mito, uma experiência para levar comigo a vida toda.
ROCKBREJA: Tadeu, como guitarrista, você tem muitas inspirações para seguir em frente. Quem foi seu maior ídolo para começar a tocar guitarra?
Tadeu: Meu maior ídolo foi e continua sendo o falecido Dimebag Darrell. Ele foi o cara que me inspirou a tocar guitarra. Em 1992, quando conheci Pantera, me identifiquei logo de cara com o som agressivo, riffs brutais, pegadas esmagadoras e sem dúvida foi naquele momento que decidi que eu queria aquilo para a minha vida.
ROCKBREJA: Contem sobre o trabalho do álbum mais recente, (o EP promo autointitulado) “ODUM”, lançado em 2009. Como foi a composição deste disco?
Gus: O Odum foi formado a partir de 2004, em Los Angeles. Em 2005, gravamos um EP intitulado “Forever” com o produtor Steve Tushar (Fear Factory/Korn/Megadeth) e até 2007 fizemos muitos shows e pequenas turnês nos Estados Unidos. Logo depois disso, a banda teve quase um ano de pausa, como se a banda tivesse “fechada para balanço”. Então decidimos retomar as atividades (no início de 2008) e gravamos esse EP promo em 2009, que foi produzido pelo produtor alemão Ralf Krashkarma. Foi quando adotamos o visual branco. Revimos alguns conceitos de letras, e o som amadureceu bastante, porém, numa porcentagem bem pequena se comparado com a maturidade do som de hoje em dia.
Tadeu: Em 2009, eu ainda não fazia parte do Odum, mas já conhecia o grupo. Depois que os caras foram morar nos EUA, eu sempre mantive contato e sempre estava antenado e acompanhando a banda. Quando o Gus voltou ao Brasil em 2011 para reformular a banda, ele me fez o convite para integrar o Odum e não pensei duas vezes.
ROCKBREJA: Vocês acham que essa convivência do Gus no mundo americano tenha influenciado na qualidade musical da banda?
Gus: Tenho certeza que se eu não tivesse morado fora e cursado o caminho que tomei, muitas coisas seriam diferentes, porém, por outro lado, está sendo muito legal vivenciar as coisas no Brasil, a cena e os shows daqui. Tudo que está acontecendo agora aqui no Brasil está sendo de extrema importância para a banda, da mesma forma que a experiência de quase 10 anos fora do Brasil contribuiu para ser o que é hoje, a experiência aqui está contribuindo para uma banda mais “global”, de ter a chance de juntar o melhor de cada lugar e aplicar isso à rotina da banda.
Tadeu: Para ser bem sincero, minhas maiores influências sempre foram de bandas norte-americanas e europeias, então minha bagagem quanto à qualidade musical já vem de muitos anos de estudo, mas, com certeza, o Gus somou em muitas coisas positivas musical e profissionalmente falando. E acredito que é recíproco.
ROCKBREJA: Quando foi que começou esta paixão pelo rock?
Gus: Aos 3 anos de idade, eu assisti a um show do Kiss na TV com meu tio, e aquilo me fascinou! A maquiagem, o palco, as luzes, efeitos, etc… E desde então minha paixão pelo rock só aumentou. Com 5 anos, eu ia para a escola toda sexta-feira (quando as crianças podiam levar brinquedos) vestido como Peter Criss, do Kiss, e carregava um par de baquetas para todo lugar. Eu tinha uma bateria de plástico em casa que eu “tocava” várias horas por dia ao escutar os discos do Kiss. Na verdade, dos 4 aos 7 anos, tudo que ouvi foi Kiss… Sabia todas as músicas de todos os álbuns de trás para frente. Aí depois foi só ladeira acima!”
Tadeu: Minha paixão começou dentro da barriga da minha mãe (risos). Meus pais sempre gostaram de rock e eles foram a minha maior influência. Lembro que, quando pivete, meu pai me levava para passear de carro ao som de Black Sabbath, Pink Floyd, Rush, entre outras bandas, e com certeza isso me influenciou bastante.
ROCKBREJA: Quais são os tipos de cerveja que vocês tomam?
Gus: Quando estava morando nos Estados Unidos, a cada semana eu comprava dois tipos de cerveja diferentes para experimentar, então posso falar de boca cheia que já experimentei muitas marcas mesmo! Nunca gostei muito de Lager ou Pilsen, definitivamente o meu tipo de cerveja é a Stout, disparado. Depois dela gosto das Ale, e por último, numa série de três, vem as ‘wheat beers’ (cervejas de trigo). O resto, apenas socialmente em raras ocasiões.
Tadeu: Sempre tive preferência pelas cervejas tipo Pilsen. Com o passar dos anos, eu experimentei diversas cervejas do tipo Bock, Draft, Framboise, Dry Stout e Trappist. São os tipos que mais me agradam.
ROCKBREJA: A qualidade da cerveja brasileira ficou muito comprometida com essa polêmica do milho. Em relação às cervejas nacionais, quais são as suas preferidas?
Gus: Caracu!!! Mesmo com essa coisa toda do milho, em minha opinião, a Caracu é disparada a melhor cerveja “de bar” (sem contar as artesanais) do Brasil, de sabor inigualável, muito encorpada. Abomino qualquer outro tipo de cerveja “amarela” (Pilsen/Lager) aqui do Brasil. Desde metade de 2013 não bebo mais “cerveja amarela” daqui, só Caracu. E o mais engraçado de tudo é que todos os meus amigos e amigas que saem comigo ou que visitam meu estúdio (onde sempre tenho um estoque farto de Caracu), depois que experimentam aí começam a pedir por ela nos bares. Há somente três bares em Santos que é possível encontrá-la, onde sou conhecido como “Caracu”! Além disso, eu faço ótimas receitas com Caracu, desde o meu conhecido salmão na telha com molho de Caracu e alho, shakes com Caracu e mel até vitaminas (sempre faço com ovos, paçoca, creme de amendoim, Taffman-E, guaraná em pó), entre várias outras receitas.
Tadeu: Atualmente, a única cerveja de qualidade que conheço é a Caracu, o resto é tudo água com álcool (risos).
ROCKBEJA: Alguma cerveja que vocês gostam e indicam para o pessoal do RockBreja?
Gus: Para meu espanto, ainda tem muitas pessoas que nunca experimentaram Caracu, definitivamente esta é minha indicação! Para quem tiver a chance de ter acesso a cervejas importadas, a Sierra Nevada Stout e a Sierra Nevada Pale Ale são algumas das minhas favoritas Stout. O Trader Joe’s, nos Estados Unidos, vende a Boatswain Chocolate Stout, que é uma Stout com leve sabor de chocolate, recomendo também. Das Ale, a minha favorita é a NewCastle, que é uma Brown Ale deliciosa! Qualquer uma dos três tipos produzidos pela Chimay é Ale também, e muito boas, além de serem produzidas dentro de um mosteiro e feitas artesanalmente por monges. E de última dica fica a Arrogant Bastard, que é uma Ale extremamente encorpada de sabor único, definitivamente esta não é uma cerveja para qualquer um.
Tadeu: Nacional, como já falado, Caracu com certeza e, importada, Heineken!
ROCKBREJA: Rock + Cerveja, o que passa nas suas cabeças esta combinação?
Gus: O que falar disso? Uma coisa complementa a outra! A combinação perfeita, tipo Romeu & Julieta!
Tadeu: Simplesmente é uma combinação ideal. Curto beber cerveja para compor novos sons e conversar sobre rock e diversos assuntos também. Rock sem cerveja, em minha opinião, não funciona, ficaria meio Restart (risos).
ROCKBREJA: Qual é o futuro da banda a partir desta reformulação?
Gus: A banda teve uma decisão importante de focar os integrantes aqui no Brasil. Temos vários shows marcados agora para o segundo semestre de 2014, incluindo alguns eventos grandes para promover a nova turnê (“New Earth Tour”, turnê de divulgação do novo material do Odum, que será lançado nos próximos meses). Queremos tocar mais aqui no Brasil e construir uma base mais sólida “em casa”, no entanto, a banda visará ao mercado mundial depois dessa “bateria de shows” aqui pelo Brasil, até mesmo porque o tipo de som que fazemos não temos condições de focar somente no mercado brasileiro. Vamos expandir isso mundo afora, sempre com o intuito de influenciar positivamente as pessoas com as mensagens da banda, ajudando de alguma forma por meio da nossa música.
Tadeu: O foco continua o mesmo! Queremos mostrar ao mundo que estamos aqui para fazer história, para passar nossa mensagem de forma positiva, nossos conhecimentos, pensamentos, experiências, etc. A música tem o poder de influenciar as pessoas e fazemos isso da forma mais positiva possível.
ROCKBREJA: Uma mensagem final para o público do RockBreja!
Gus: Apoiem a cena local da sua cidade e procurem se informar sobre o que está acontecendo aqui no Brasil, quem é quem, pois no geral, acabamos consumindo muito do que a mídia mostra, e infelizmente a grande maioria ainda mantém o mito de que o que vem de fora é melhor do que o que temos aqui no Brasil. Eu, por ter vivido tanto tempo fora, posso falar com absoluta certeza. Abram os olhos, pois nosso país tem muito a oferecer, musical, artística e culturalmente, muito mais do que a grande maioria pensa.
Tadeu: Fiquem ligados e acompanhem nosso trabalho, estamos aqui para isso, mostrar nosso som com qualidade e atitude! Não menos importante, apoie a cena musical da sua cidade. O rock e suas vertentes é o estilo musical que mais une pessoas ao redor do mundo, é como uma família. Rock é atitude, é paz, é alegria, seja lá o que for, deve haver união.
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Agradecimentos: Guilherme Zeinum (Z1Press Comunicação)
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